Bernanke se diz furioso com irresponsabilidade da AIG

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SÃO PAULO, 3 de março de 2009 - O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Ben Bernanke, disse hoje estar furioso com a seguradora AIG, resgatada pelo Estado com US$ 180 bilhões desde setembro. "Se houve um acontecimento que nos últimos 18 meses me deixou furioso foi o da AIG", afirmou durante audiência perante o comitê do Senado.

"A situação da AIG é muito incômoda", admitiu, afirmando que o Estado "não teve outra opção", já que se não intervisse no grupo, se arriscaria a deixá-lo se amparar na lei de concordatas.

"Tomamos estas medidas porque, para começar, achamos que a quebra da maior seguradora do mundo seria catastrófica para a estabilidade do sistema financeiro mundial", explicou o presidente do Fed.

"Não sabemos com certeza como será o futuro, mas acho que isso nos dará melhores oportunidades para se chegar a uma estabilidad econômica", concluiu.

Mais cedo, Bernanke disse que o plano de reativação do governo americano deve proporcionar benefícios sólidos para a economia americana, mas que será necessário fazer muito mais em favor do sistema financeiro.

Ele falou ainda que as perspectivas econômicas para o curto prazo continuam sendo preocupantes, mas que várias medidas de estímulo e iniciativas para estabilizar o sistema financeiro eventualmente impulsionarão a atividade.

"Apesar de o prognóstico para a economia a curto prazo ser frágil, uma série de fatores deverão impulsionar a volta de benefícios sólidos na atividade econômica no contexto de uma inflação baixa e estável", afirmou em seu discurso.

O Federal Reserve anunciou também um plano de incentivos para o crédito ao consumidor, que permitirá à instituição emprestar até US$ 200 bilhões aos investidores, comprando títulos ligados a este tipo de crédito.

O programa, que pode chegar a até um trilhão de dólares, pretende superar o bloqueio do crédito comprando papéis ligados a cartas de crédito, empréstimos para automóveis e outros tipos de consumo a crédito.

O chamado Programa a Termo de Empréstimos Respaldado por Ativos (Term Asset-Backed Securities Loan Facility, Talf), tem como objetivo "catalizar" os mercados de crédito que foram "virtualmente fechados desde o agravamento da crise financeira em outubro", destaca um comunicado conjunto do Departamento do Tesouro e do Fed.

"Ao reabrir estes mercados, o Talf ajudará as instituições de crédito para que satisfaçam as necessidades dos consumidores e pequenas empresas, ajudando a estimular a economia em geral", completa o documento.

(Redação com agências internacionais - InvestNews)