Produção fraca indica PIB negativo no 1° trim

Por

SÃO PAULO, 1 de abril de 2009 - O desempenho fraco da produção industrial no primeiro bimestre acendeu o sinal de alerta dos analistas, que já começaram a refazer suas apostas quanto ao resultado do Produto Interno Bruto (PIB) nos primeiros três meses de 2009. Segundo Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores, o Brasil já pode ter entrado em uma recessão técnica - que é constatada após dois trimestre de retração da atividade econômica.

Em fevereiro, a indústria produziu apenas 1,8% a mais que em janeiro, quando a atividade industrial cresceu 2,1%. As duas taxas ficaram abaixo do previsto por analistas. Para fevereiro, as projeções estavam entre 2,2% e 5,7%. Na comparação com fevereiro de 2008 a indústria teve uma redução de 17%, menor que a taxa vista um mês antes (-17,4%).

"Esse resultado da indústria abaixo do esperado sinaliza que, neste primeiro trimestre, a variação dessazonalizada do PIB brasileiro deve estar correndo mais próxima do piso do que do teto de nossa estimativa, que está num intervalo entre queda de 0,5% e alta de 0,5%", disse. Diante disso, o economista aposta que o PIB vai crescer 1% em 2009.

Borges destaca que este foi o segundo avanço marginal consecutivo, acumulando uma expansão de 4% em relação a dezembro. "Ainda está longe de recuperar o tombo de 20,1% observado entre outubro e dezembro, comparativamente a setembro", avalia.

Embora os resultados de janeiro e fevereiro tenham se mostrado abaixo das estimativas, segundo ele, parece ser bastante provável que parte da alta que não "apareceu" nos números do primeiro bimestre possa surgir nos dados de março. "Corrobora essa perspectiva o fato de que a sondagem industrial da Fundação Getúlio Vargas (FGV) ter apurado uma diferença de 10 pontos percentuais entre a proporção de indústrias que pretendem expandir a produção no trimestre março/maio, sobre o trimestre imediatamente anterior, e a fração que pretende reduzi-la - o que correspondeu à primeira leitura positiva desde novembro e a maior desde outubro", explica.

(Vanessa Stecanella - InvestNews)