Wall Street encerra em queda apesar de sinalização do FOMC

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SÃO PAULO, 23 de junho de 2010 - As principais bolsas norte-americanas fecharam o dia sem tendência definida, embora tenham operado grande parte do dia em terreno negativo por conta dos piores resultados do setor imobiliário. Nem mesmo a manutenção da taxa básica de juros do país e a expectativa de melhora da economia dos EUA apresentada pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) conseguiram segurar as perdas. Diante disso, ao final do pregão, em Nova York, o índice Dow Jones Industrial Average subiu 0,05%, aos 10.298 pontos. O S&P 500 perdeu 0,30%, aos 1.092 pontos. E na bolsa eletrônica, o índice composto Nasdaq caiu 0,33%, aos 2.254 pontos.

Dois dias consecutivos de dados ruins do setor imobiliário norte-americano empurraram os índices acionários para baixo. As vendas de imóveis novos nos Estados Unidos recuaram 32,7% em maio deste ano, ante abril, representando o pior resultado desde 1963, ano em que o Departamento do Comércio começou os levantamentos.

Segundo João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos, "a recuperação econômica norte-americana patina, ainda não está certo se a atividade no país cresce de forma consistente ou se ainda é preciso manter estímulos para que a economia caminhe. Dois dias de dados ruins na construção, setor importante e estratégico em qualquer economia, sem dúvida derrubariam as ações das empresas do segmento".

Ainda no campo interno, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) manteve a taxa básica de juros do país no intervalo de 0 a 0,25%. Apesar de o documento do Fed apontar melhora no mercado de trabalho, aumento nos gastos domésticos e crescimento gradual da renda, o colegiado levou em consideração principalmente a taxa de desemprego em sua decisão. Segundo os dados, o número de norte-americanos fora do mercado permanece em níveis elevados.

No entanto, é válido destacar que a decisão não foi unânime. O presidente do Fed de Kansas City, Thomas M. Hoenig, votou contra a permanência da taxa no atual patamar por acreditar que mantê-la em níveis excepcionalmente baixos por um longo período não se justifica, "pois poderia levar a uma acumulação de desequilíbrios futuros e aumentar os riscos de longo prazo quanto à estabilidade macroeconômica e financeira, enquanto limita a flexibilidade do Comitê para começar a aumentar as taxas de forma gradual".

"Os investidores em um primeiro momento encararam os dados do FOMC de forma animadora. Entretanto, logo observaram que a instituição sempre leva em conta o mercado de trabalho para realizar qualquer mudança considerável. Sem muitas novidades no documento desta quarta-feira e aliado aos números imobiliários, o retorno aos níveis negativos foi inevitável", avalia o analista.

(Sérgio Vieira - Agência IN)