'Bloomberg': EUA tenta reparar laços com o Brasil para expandir comércio
Um dos mais importantes provedores mundiais de informação para o mercado financeiro, o Bloomberg, destaca nesta terça-feira (18/3) a visita do secretário do Tesouro dos Estados Unidos Jacob J.Lew, ao Brasil nesta segunda (17). A reportagem diz que Lew está procurando caminhos para expandir o comércio e o investimento com a "maior economia da América Latina", reparando os laços entre os países.
"Ambos os países reconhecem o grande benefício potencial de trabalhar em conjunto para enfrentar os desafios da geração de empregos, sustentar o crescimento e ajudando a apoiar a estabilidade macroeconômica", disse Lew após a reunião com o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega. O portal destaca ainda outros trechos da conversa de Lew com Mantega. Segundo o secretário norte-americano, as empresas dos EUA estão procurando proporcionar financiamento e conhecimento para os planos do Brasil de modernizar a infraestrutura. Desde que assumiu o cargo, há um ano, essa é a primeira vez que Lew vem a América Latina e aproveitou a oportunidade para se reunir com o presidente do banco central brasileiro Alexandre Tombini.
O próximo destino de Lew é a Cidade do México, onde ele vai se reunir nesta terça-feira (18) com o presidente Enrique Pena Nieto e altas autoridades econômicas. Ele também discutiu a crise na Ucrânia e destacou a necessidade de os EUA aprovar uma legislação para expandir os direitos de voto dos países emergentes no Fundo Monetário Internacional. A Bloomberg considera que a passagem de Lew ao Brasil representa o perfil de um alto oficial norte-americano em um país mais populoso da América Latina, desde que quando as relações entre os países foram abaladas, no ano passado. A reportagem relembra o cancelamento da viagem de Estado da presidente Dilma Rousseff à Washington, em setembro, após os vazamentos de documentos pelo ex-consultor do governo, Edward Snowden, indicando que a presidente brasileira estava entre os chefes de Estado que tiveram as suas comunicações monitoradas pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos.
O Bloomberg entrevistou Michael Shifter, presidente do Diálogo Interamericano, um grupo de políticas de Washington, sobre a visita do secretário ao Brasil. Para Shifter os EUA "estão tentando recuperar alguma presença na região. A viagem de Lew é uma tentativa de, pelo menos, manter relações com o Brasil no caminho certo e evitando o risco de descarrilamentos. A administração percebe que há um risco de perder o contato". O Brasil optou em dezembro pela sueca Saab AB, baseada em Chicago, para negociar os 36 caças no valor de $ 4,5 bilhões. O governo de Dilma Rousseff, disse em fevereiro que iria pedir um painel na Organização Mundial do Comércio para determinar se as regras dos EUA sobre o algodão estão em conformidade com as recomendações da OMC. "Os brasileiros estão à procura de medidas de construção confiáveis", disse Carl Meacham, diretor do Programa das Américas do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais, ao Bloomberg.
A reportagem ainda destaca que a segunda maior economia emergente do mundo tem intensificado os esforços para reforçar os regulamentos para as empresas de tecnologia da informação, tais como Google Inc. (GOOG), empurrando-os para a criação de centros de dados locais. "Há menos gente no Brasil confiando nos fornecedores americanos de componentes tecnológicos", disse Meacham. Informa também que o Brasil reduziu suas participações no Tesouro dos EUA, desde o ano passado, de 3,1% para 245,4 bilhões de dólares no final de 2013, como mostra os dados do Tesouro.
No Brasil e no México, Lew também pode discutir a volatilidade nos mercados financeiros das nações em desenvolvimento, pelas previsões de Walter Molano, que se concentra na América Latina como chefe de pesquisa do banco de investimentos BCP Securities LLC. Para ele, está chegando "tempos difíceis para os mercados emergentes". Ele citou o índice Ibovespa, que na semana passada registrou uma queda de 20% a partir de outubro, como as construtoras recuando. Além de que em janeiro, o Banco Mundial cortou as projeções de crescimento para o Brasil, de 4% para 2,4%, e para o México de 3,9% para 3,4%.