Itália trabalha para aprovar acordo entre UE e Mercosul, diz vice-ministro
A Itália está atuando para a aprovação de um acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, segundo o vice-ministro italiano para Desenvolvimento Econômico, Ivan Scalfarotto. “Eu espero que o trabalho que nós estamos fazendo dentro da União Europeia para desenvolver as trocas entre o Mercosul e a UE possa ajudar. A Itália tem uma posição muito favorável ao livre comércio”, disse hoje (25) Scalfarotto durante o Fórum Econômico Brasil-Itália, que promoveu o encontro de empresários e autoridades de ambos os países na capital paulista.
Um acordo entre os dois blocos econômicos vem sendo negociado desde 1998. A proposta, entretanto, caminha com lentidão. Em maio deste ano, pela primeira vez desde 2004, representantes do Mercosul e da UE trocaram ofertas de acesso aos seus respectivos mercados de bens, serviços e compras governamentais. A iniciativa foi vista como uma avanço importante por Scalfarotto.
“Depois de 12 anos, houve uma troca oficial entre as duas partes. Acho que isso já foi um sucesso parcial, porque o que nós esperamos é que esse acordo entre em vigo e que a Itália possa, de fato, participar”, acrescentou ao falar durante o fórum.
Barreiras tarifárias
O Mercosul - composto por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela, como membros efetivos, e tendo como membros associados Bolívia (em processo de adesão), Chile, Colômbia, Peru e Equador - é o sexto mercado das exportações da UE, tendo representando 88 bilhões de euros de receitas em 2015. Por outro lado, as empresas europeias pagam mais de 4 bilhões de euros em taxas alfandegárias.
São justamente as tarifas para entrada de produtos europeus uma das maiores preocupações dos italianos. “Uma das dificuldades que nós temos para chegar [ao Mercosul] são as tarifas alfandegárias, que são altíssimas”, enfatizou o vice-ministro. “Devido às altas taxas, os produtos italianos chegam ao Brasil praticamente como artigos de luxo”, falou.
Durante o encontro, foram apresentados aos investidores italianos as possibilidades do mercado brasileiro em diversos setores, como agronegócio, geração de energia, automobilístico, infraestrutura, transporte e tecnologia da informação. “Nós queremos ser complementares ao esforço que o Brasil está fazendo do ponto de vista da infraestrutura. A Itália tem um grande know how e desejo de entrar nesse mercado”, afirmou Scalfarotto.
Investimentos
O secretário de Desenvolvimento e Gestão do Ministério de Planejamento do Brasil, Hailton de Almeida, destacou o grande volume de recursos públicos que deverão ser destinados à infraestrutura do país nos próximos anos. “Apesar de toda a crise fiscal que passamos, vamos investir entre 2016 e 2018 quase R$ 110 bilhões com recursos do Tesouro, sendo cerca de R$ 40 bilhões em logística, R$ 60 bilhões em saneamento e R$ 18 bilhões em defesa”, disse.
No setor de geração de energia, o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Tiago Correia, disse que mudanças na matriz energética devem abrir espaço para pequenas e médias empresas atuarem. “Tem uma transição energética com novas fontes cuja economia de escala é muito baixa. Hoje, para você ter uma termoelétrica a gás no Brasil, teria que ter pelo menos 100 megawatts de potência instalada. Já uma eólica consegue ter alguma viabilidade econômica a partir de 20 megawatts”, explicou. Com isso, ele acredita que “2,5 gigawatts vão ser instalados por pequenos produtores ao longo dos próximos dez anos no país”.