Quatro presidenciáveis apostam em arrecadação pela web
Um mês depois do início da campanha eleitoral deste ano, apenas quatro dos 11 candidatos à Presidência da República apostaram na arrecadação de fundos para a campanha a partir de pequenas doações de pessoas físicas por meio da internet. Em levantamento feito pelo Terra, apenas as campanhas de Dilma Rousseff e Luciana Genro disponibilizaram ferramentas para arrecadação pela web, enquanto as candidaturas de Eduardo Jorge e Eduardo Campos afirmam que devem colocar uma plataforma de doação no ar "em breve".
Nas eleições de 2010, a doação individual pela internet para todos os cargos e níveis representou uma parcela pequena do total arrecadado pelas campanhas. Apenas R$ 736 mil foram arrecadados pelos partidos dessa forma, segundo levantamento divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à época. A quantia é irrelevante se comparada com o total de gastos das campanhas naquele ano, que chegou a R$ 3,363 bilhões.
O modelo de financiamento a partir de pequenas doações de pessoas físicas foi adotado por Barack Obama, que em suas duas últimas campanhas à Presidência dos EUA conseguiu arrecadar milhões de dólares pela internet. Mas por que esse formato ainda não engrenou no Brasil?
Para o professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer, as campanhas políticas ainda não estão informadas ou aparelhadas sobre como fazer esse tipo de financiamento. "Precisaria de mais uma ou duas eleições para que os candidatos se mobilizassem para arrecadar dinheiro pela internet", disse.
"Por enquanto, aqui no Brasil, é um pouco cedo para isso. O eleitor brasileiro não tem muito costume de doar dinheiro para candidato. Ele pode até ajudar na campanha, mas doar dinheiro do próprio bolso ainda é novidade", disse. Para ele, é salutar para a democracia esse tipo de financiamento, que poderia aumentar a transparência das campanhas. "Quanto mais as pessoas doares individualmente para as campanhas, melhor", afirma.
Em votação em abril deste ano, a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por seis votos a um, proibir doações de empresas em campanhas eleitorais. O resultado, no entanto, não foi proclamado porque quatro magistrados preferiram apresentar seus votos em outra oportunidade para estudar melhor o caso. Para Fleischer, se for mantida essa decisão quando a votação for retomada no STF, o financiamento de campanhas por pessoas físicas pode ganhar força no país.
Única forma de financiamento As candidaturas de Luciana Genro (Psol) e Eduardo Jorge (PV) afirmam que as doações de pessoas físicas serão a única forma de financiamento das campanhas à Presidência e que não aceitarão dinheiro de empresas.
A campanha de Luciana Genro dispõe de uma plataforma virtual para doações desde o fim de julho. As doações podem ser feitas através de um pequeno cadastro no site - que inclui dados como nome completo, CPF, CEP e endereço - e o pagamento ocorre mediante cartão de crédito ou débito.
Já a campanha de Eduardo Jorge, por meio de sua assessoria, afirmou que só vai receber doações de pessoas físicas no site oficial da campanha, mas não informou quando a ferramenta entrará no ar. A campanha também será financiada por recursos do fundo partidário.
Já as campanhas de Dilma Rousseff (PT) e Eduardo Campos (PSB) mesclam a doação feita por pequenos doadores e por empresas. A plataforma de arrecadação da campanha petista entrou no ar na segunda-feira. Após o preenchimento de um cadastro que exige os mesmos dados da ferramenta do Psol, o usuário pode fazer a doação a partir de cartão de crédito ou débito.
A candidatura do PSB já tem uma área de doação no site oficial, mas afirma que está "finalizando os acordos com instituições bancárias e de crédito" e que a plataforma de doação deve entrar no ar nesta semana.