Campos promete diálogo entre agronegócio e ambientalistas
O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, prometeu nesta quarta-feira liderar um diálogo entre o agronegócio e ambientalistas. Companheiro de chapa da ambientalista Marina Silva, o ex-governador de Pernambuco disse que a sustentabilidade é um valor que “veio para ficar”.
“Uma parte das agendas que vem a criar a divisão entre o agronegócio e o meio ambiente, entre o campo e a cidade, é exatamente pela ausência de políticas públicas respondendo a demandas sociais recentes. Na hora que não se dialoga com a sustentabilidade, se cria um ambiente de desentendimento”, disse, ao responder perguntas de empresários do agronegócio na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) sobre "radicalismo ambiental".
Ao citar a vice, Marina Silva, conhecida por sua atuação na área ambiental, Campos disse ter em sua chapa a capacidade de diálogo e entendimento. “Ela nasceu numa floresta, eu me criei de uma fazenda. Sabemos da necessidade de construir um campo de paz, entendimento e produtividade”, afirmou. O candidato defendeu também políticas do Ministério do Meio Ambiente no governo Lula, quando a pasta era liderada por sua companheira de chapa.
Para Eduardo Campos, os valores do programa de sua candidatura são reclamados pela sociedade global. "Nós temos consciência de que existe no agronegocio brasileiro uma compreensão crescente de que nós representamos uma possibilidade de marcar um encontro no futuro", disse. "Acho que esse diálogo vai acontecer com naturalidade, com respeito a divergências."
Em seu discurso de abertura, Campos prometeu tirar o Ministério da Agricultura do “balcão político” e assumir a liderança dos projetos estratégicos do segmento, se eleito. Ele voltou a defender um novo modelo de gestão no Executivo.
“A agenda inovadora e de futuro do agronegócio não será terceirizada no nosso governo. O presidente vai assumir a liderança dos assuntos estratégicos do agronegócio, para que não integre os assuntos transversais na burocracia e na priorização”, disse o candidato.
“Fortalecer o Ministério da Agricultura é tirá-lo do balcão político e das lideranças e colocá-lo na mão da competência de quem possa inspirar um dialogo responsável, maduro. (...) É preciso que quem planta possa olhar para Brasília e ver um ministro que possa falar com o presidente da República, falar com o ministro da Fazenda”, acrescentou.
Assim como fez em discurso a empresários da indústria na semana passada, Campos voltou a falar que o padrão político brasileiro “esclerosou” e prometeu inovação para alavancar a produtividade do setor do agronegócio.
“Quanto à nova governança política para um novo modelo de gestão, é vital a melhoria do padrão político brasileiro. O padrão político esclerosou. A mudança de cultura exige compreensão clara: o Estado não existe para ser servido pela sociedade; ele existe para servir à sociedade”, disse.
Para Campos, segurança jurídica facilita investimentos em logística
O candidato pessebista também respondeu a questões formuladas pelo setor agropecuário brasileiro e reiterou que se preocupa com marcos legais seguros para garantir concessões e parcerias público-privado (PPPs) nos investimentos de diversos modais de transportes. O tema é prioritário para o agronegócio uma vez que os gargalos logísticos no País impactam no preço final dos produtos agrícolas, tirando competitividade.
“Temos que apostar nos mais diversos modais e, sobretudo, garantir marcos legais seguros para poder ir buscar a poupança externa e a poupança interna para colocar de pé as concessões e as PPPs para ser focadas naqueles investimentos em infraestrutura”, afirmou Eduardo Campos.
Sem dar exemplos claros, o candidato se disse favorável à ampliação da malha ferroviária e hidroviária do Brasil. Para ele, a resolução desses gargalos dependem mais de gestão do que de recursos. “Precisamos ter consciência de que os levantamentos estão feitos e as prioridades estão definidas.”
O candidato afirmou também defendeu que a produção do agronegócio precisa ser mais barata, com o ajuste do câmbio e a ampliação de acordos internacionais. "É fudamental que uma governança macroeconômica que coloque o câmbio no lugar certo para que a exportação não perca com erros. Isso passa por infra-estrutura, pela ciência e tecnologia, por investimento amplo. Tudo isso impactará no custo. O Brasil é um país caro e precisa baratear a produção", disse.
Para candidato, inércia do governo cria conflito no campo
Para o pessebista, o governo de Dilma Rousseff não deu atenção à reforma agrária e às demarcações de terras indígenas, o que gerou disputas com mortes no campo.
“O próprio Estado levou gente do Rio Grande do Sul para o Mato Grosso, assentou, deu título do Incra. E o próprio Estado, 40 ou 50 anos depois, diz: “aqui é terra indígena, sai” - e não quer garantir direito nenhum ao agricultor. É preciso não só indenizar, mas garantir recursos para reassentar essas pessoas”, disse, em entrevista após a sabatina.
Campos evitou anunciar uma meta de demarcação de terras indígenas em um eventual governo e não prometeu esgotar a demanda. “Vamos avançar com essa pauta, se for possível esgotar ela. Não depende do presidente da república, você precisa fazer a pauta andar. Se você para esta pauta, o que isso gera, conflito no campo”, disse.