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NAS QUADRAS - Tudo sobre basquete

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Por PEDRO RODRIGUES, [email protected]
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Publicado em 07/04/2021 às 10:59

Alterado em 07/04/2021 às 10:59

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Mão à palmatória

Adam Silver, o todo-poderoso comissário da NBA, adora a Premier League Inglesa. Silver não é nem tão fã de futebol assim, mas adora alguns formatos de disputa praticados pelo esporte bretão. Vira e mexe, ele tenta emplacar alguma mudança na NBA neste sentido.

Na bolha de 2020 em Orlando, Silver viu a oportunidade de ouro para emplacar um formato novo. Com poucos times e com calendário apertado, a NBA apresentou para os times e os jogadores um formato como uma Copa do Mundo da NBA, com grupos, cabeças-de-chave e cruzamentos iguais aos da Fifa. A mudança foi considerada muito drástica ao tradicional formato da NBA com suas conferências e playoffs, e foi sumariamente rejeitada.

Ou não. Se não conseguiu emplacar sua “Copa do Mundo” versão NBA, Silver deixou um belíssimo cavalo-de-troia. Para garantir que mais times estivessem envolvidos na bolha, a NBA criou o torneio Play-in entre o oitavo e nono colocados. O formato era bem simples: caso o oitavo colocado não tivesse a diferença de 4 jogos para o nono colocado, o oitavo teria que jogar com o nono para garantir sua ida aos playoffs. Se o oitavo colocado vencesse um jogo, confirmava a sua ida, e o nono só garantiria com duas vitórias sobre o oitavo. Foi um sucesso. As duas partidas entre Blazers e Grizzlies foram uma das melhores da bolha e ajudaram, em muito, a tornar o nome de Damian Lillard conhecido do grande público.

 

Macaque in the trees
O torneio play-in salvou a competitividade neste final de temporada da NBA (Foto: Reprodução Internet)


Para a temporada atual 2020/2021, o torneio promete. O formato mudou um pouco com um quadrangular envolvendo do sétimo ao décimo colocados lutando por duas vagas nos playoffs. O sétimo e o oitavo jogam entre si e caso o sétimo vença, ele garante seu lugar nos playoffs. Já o nono e o décimo jogam para decidir quem vai disputar com o perdedor da partida entre sétimo e oitavo lugar, quem carimba sua ida aos playoffs.

E neste final de temporada, em que as surras homéricas serão cada vez mais comuns, vale ficar de olho nas equipes que irão participar deste minicampeonato dentro da NBA. Vamos ver a situação de momento no Leste e no Oeste:

Leste:

Posição atual:

Boston Celtics (7) x New York Knicks (8)
Indiana Pacers (9) x Chicago Bulls (10)

Com chances: Toronto Raptors

O Boston Celtics conta com a queda de produção do Charlotte Hornets com as lesões de Gordon Hayward e Lamelo Ball para sair da “zona de confusão” e almejar logo um sexto lugar. O time engatou duas vitórias consecutivas e conta com um calendário com jogos tranquilos como dois encontros com o Wolves, partidas contra times desfigurados como OKC e Magic. Seu atual adversário, o Knicks, mesmo se perder, pode proporcionar à NBA um jogo eliminatório entre Knicks e Bulls, o que seria ótimo para a liga.

Voltando as atenções para o nono e décimo lugares, podemos ter a definição da vaga logo nesta semana. Na quinta-feira jogam Bull e Raptors, em um jogo que deve decidir esta vaga. Caso o Raptors vença, ele ficará com uma vitória a mais que o Bulls que precisará, em um complicado calendário, confirmar sua ida ao play-in. O resultado seria catastrófico para o pessoal de Ohio que apostou alto com a troca com o Magic por Vucevic.

 

Macaque in the trees
A lesão de Gordon Hayward do Charlotte pode tornar imprevisível a disputa do play-in do Leste (Foto: Getty Images)

Oeste:

Dallas Mavericks (7) X Memphis Grizzlies (8)
San Antonio Spurs (9) x Golden State Warriors (10)

Com chances: New Orleans Pelicans e Sacramento Kings

Confesso que no Oeste fico bastante curioso para ver os Jovens do Spurs (quem diria que iria escrever isso...) contra os veteranos do Warriors. Talvez este seja o palco para que o grande público conheça nomes como Dejounte Murray, Derrick White e Lonnie Walker, e mude um pouco a percepção sobre o time do Texas. Já o Warriors parece viver em uma torre de babel, com Curry e Draymond Green de um lado e o núcleo jovem com Kelly Oubre Jr. e Andrew Wiggins do outro.

E o sonho de consumo da liga, é claro, seria o Pelicans confirmar a boa fase de Zion Williamson e vê-lo no pós-temporada. Com o Pelicans em boa fase desde fevereiro, não duvidem que o time possa abocanhar uma das vagas.

Devo confessar que não gostava da ideia do Play-in quando li a respeito. Ainda bem que estava errado e gostei muito da injeção de competitividade que o NBA colocou nesta parte final da temporada. Ou alguém sente saudades da época que os times perdiam de propósito para ter melhor colocação no draft? O popular tank.

Macaque in the trees
Valeu muito a comemoração do calouro Jalen Suggs de Gonzaga na vitória no último lance na semifinal contra UCLA (Foto: Getty Images)

 

Final Four

Para alívio da NCAA tivemos o Final Four este ano. Se no ano passado o insuportável Coronavírus fez com que a entidade cancelasse seu maior evento, este ano, com a vacinação em alta e protocolos de segurança, o torneio aconteceu sem percalços. Somente um. A expectativa do jogo final entre Baylor e Gonzaga estava incontrolável devido ao excelente final de jogo na semi entre Gonzaga e UCLA decidido no último segundo pelo jovem Jalen Suggs, mas a final decepcionou. O placar final foi de 86 a 70 para a Universidade de Waco, Texas. A excelente defesa de Baylor e as duas faltas logo no começo de Suggs praticamente decidiram o jogo nos primeiros 7 minutos da partida. Baylor colocou 19 pontos de vantagem e só sofreu mesmo no final do primeiro tempo quando vencia por apenas 10 pontos. Destaque total nos campeões para o Davion Mitchell (15 pontos, 6 rebotes e 5 assistências), Jared Butler, com 22 pontos, e MaCio Teague com 19 pontos. Mitchell, por sinal, tem 3 anos de experiencia e parece mais “pronto" para a NBA. Lembra um pouco Malcom Brogdon do Pacers.

Se os meninos decepcionaram, as meninas de novo fizeram uma excelente final! Por um ponto, 54 a 53, Stanford venceu Arizona com Haley Jones como destaque absoluto. O final cardíaco está aqui:



 

Coisa boa

Falando em NCAA, o pessoal do LiveBasketBall.br (vídeo) teve a grande sacada de acompanhar e transmitir o jogo ao vivo no seu canal do Youtube como alguns canais americanos já fazem atualmente. A diferença para uma narração tradicional é a paixão que os canais independentes colocam nestas plataformas. O experimento deu certo e esperamos ver mais destas “watch parties” por estas bandas.

Outro projeto de conteúdo bem legal de basquete ganhou cara nova, mas o espírito crítico e analítico continua por lá. O Blog do Souza, do Jornalista Felipe Souza, agora se chama “Esporte Clube Basquete”  e continuará produzindo conteúdo independente para o esporte da bola laranja.