ESPORTES

INFORME ESPORTIVO - A tríade do fracasso rubro-negro

...

Por DIOGO DURÃO
[email protected]

Publicado em 12/02/2023 às 06:00

Alterado em 26/02/2023 às 12:09

O improvável (talvez nem tanto) aconteceu e o Clube de Regatas do Flamengo ficou com o singelo terceiro lugar do Mundial de Clubes Reuters/Andrew Boyers

Convenhamos que houve - e ainda há - uma estupenda expectativa para o Flamengo de 2023. Afinal, trata-se de um dos principais clubes do futebol mundial, cujo repertório recente, além de retroalimentar a ambição da sua imensa, apaixonada e exigente torcida, precisa validar seu status de maior investimento da América e, contudo, manter-se em um círculo vicioso de conquistas.

O primeiro bimestre contemplava, de cara, o título da Supercopa do Brasil. Embora o Flamengo (atletas, comissão e diretoria) e flamenguistas (especialmente os mais lúcidos) reconhecessem o Palmeiras como um adversário à altura, o nível de confiança saltava aos olhos.

Após jogaço em Brasília, com sete gols e lances polêmicos, a equipe paulista faturou o troféu vencendo por 4 a 3.

Dias depois, o estrelado elenco, o promissor staff e a espetaculosa gestão embarcavam, impulsionados pela inigualável Aerofla, rumo ao Marrocos. A linha entre expectativa e realidade nunca foi tão tênue, uma vez que o maior triunfo da história rubro-negra, de fato, parecia real (sem trocadilhos): o Mundial de Clubes da Fifa.

Na semifinal, diante do Al Hilal, time árabe, o jogo que deveria ser protocolar teve, desde os primeiros minutos, um panorama surpreendente, e o resultado tanto quanto. 3 a 2 para o representante asiático e um lastimável desfecho para com os anseios do "mais querido". O improvável (talvez nem tanto) aconteceu e o Clube de Regatas do Flamengo ficou com o singelo terceiro lugar da competição, quando nesse último sábado venceu o Al Ahly, do Egito, por 4 a 2. A cantiga "Real Madrid pode esperar...a sua hora vai chegar" não pôde vigorar, não nesta edição.

Bem, dado o cenário, vou apontar aqueles que a meu ver foram os três fatores mais influentes para tais tropeços (há quem diga fiascos).

Em primeiro lugar, a repentina troca de treinador. Saiu Dorival Jr e entrou Vitor Pereira. Sem delongas, vide a complexidade do tema, este que abrange infinitos elementos, dentre os quais, maior parte subjetivos.

Logo, prefiro citar um dos chavões mais clássicos do esporte, pra não dizer da vida: "em time que está ganhando não se mexe".

Entretanto, a fim de dar o mínimo de embasamento para minha opinião, entendo que este modelo de plantel que o Flamengo apresenta requer um comando técnico mais capacitado em gestão de pessoas do que propriamente em plataforma de jogo. Mas já que adentrei nessa pauta, estenderei minha ótica de modo que, no caso do Fla, conteúdos táticos são relevantes, por óbvio, mas (re) aplicar conceitos de jogo mais modernos/rebuscados demanda, sobretudo, tempo. E vamos combinar que o Flamengo não dispunha desse tempo. Logo, não deveria abrir mão daquela boa e velha doutrina do "menos é mais", sabe?!

Enfim, não era o momento. A troca (o que não tem, necessariamente, a ver com a escolha do substituto), definitivamente, não foi oportuna.

Em seguida, quero apontar o motivo mais objetivo. Diria que, sob este aspecto quaisquer explicações são dispensáveis. Os atletas profissionais do Clube de Regatas do Flamengo tiveram quase dois meses de férias para menos de um de preparação. Ou seja, será que houve análise e/ou adaptabilidade devida? Haja vista a atipicidade do calendário na inserção das temporadas 2022-2023. O campeão da Libertadores e da Copa do Brasil 2022 cometeu uma falha cavalar no que tange a planejamento.

Por último, mas não menos relevante, os pífios desempenhos nas principais partidas (contabilizados 9 gols sofridos em 3 jogos) também podem ser relacionados com o que chamo de síndrome do super-herói. O mesmo acontece comumente nos selecionados nacionais. Quero dizer: quando o senso de coletividade não é capaz de sobrepor a sensação de que poderá haver soluções isoladas. A acomodação coletiva, via de regra, é inerente aos times que, por meio de valores individuais, fazem uso da transferência de responsabilidade. Quando o time é composto por vários protagonistas, fica mais difícil apontar o dedo, né?!

Particularmente, acredito que a continuidade do vigente corpo técnico implicará em um time mais consistente que, por consequência, jogará com mais fluência em acordo aos métodos do treinador português. Sem demasiada pressão, aceitando que as últimas derrotas foram parte do processo, da mudança e da decisão, conforme opinado, ousada. O conjunto, incluindo a torcida, claro!, deverá reconduzir o Flamengo ao caminho das vitórias. O díspare orçamento – e tudo que isso proporciona - em relação aos próximos concorrentes poderá, mais uma vez, fazer a diferença.

Tags: