ESPORTES
O programa e o jogo
Por KLEBER LEITE
Publicado em 23/01/2025 às 08:58
Alterado em 23/01/2025 às 08:58
Há, na nossa culinária, duas saladas muito conhecidas, as duas homenageando as mulheres. Juliana e Gigi são nomes conhecidos na culinária. Os ingredientes mudam um pouquinho de uma para a outra, porém são rigorosamente iguais na apresentação.
As verduras são misturadas e picadas ao extremo, a tal ponto que o “freguês” tem dúvida sobre o que exatamente esteja saboreando.
Esta foi a primeira sensação que tive ao assistir ao seriado no Sportv, que fala na reconstrução do Flamengo.
Os depoimentos são apresentados sem que haja a informação absolutamente necessária de quando ocorreram. O resumo da ópera é que fica a sensação de todas as verduras terem saído de um mesmo saco…
Esta é uma observação de ordem técnica, jornalisticamente falando.
Fica a sugestão no sentido de que o telespectador seja informado em que período, na vida rubro-negra, por exemplo, Júlio César foi agredido, ou quando Vampeta afirmou que fingia jogar, ou ainda quando um jogador foi carregado em um carrinho de mão.
Quem viu a matéria sem ter a noção exata da existência rubro-negra deve ter ficado com a sensação de que a fundação do clube não ocorreu em 1895, e sim em 2016, ou a de que, antes de 2016, o clube foi dirigido por um bando de irresponsáveis, imbecis e incompetentes que, por obra do Divino Espírito Santo, ajudaram na criação da marca mais forte do esporte brasileiro, na conquista de seu patrimônio e de incontáveis vitórias e títulos.
Não faz muito tempo em que a única receita no futebol se resumia na bilheteria. Não faz muito tempo que Marcio Braga, Michel Assef, Joel Tepet, Walter Clark, entre outros, foram até o Dr. Roberto Marinho implorando um dinheirinho cada vez que um jogo do Flamengo fosse transmitido pela TV Globo.
Sem milho, por mais competente, criativo e genial que seja o pipoqueiro, não há pipoca!!! Reconhecendo todos os méritos em Eduardo, Bap, Godinho, Landim, Wallin, Tostes, entre outros, importante frisar que as ferramentas à disposição de quem dirige um clube, pós-revolução proporcionada pela internet, são como uma AR15 comparada com o passado recente, cuja arma mais poderosa era uma atiradeira…
No que me compete, como ex-presidente, a consciência está tranquila, pois o principal objetivo era a retomada da dignidade do clube, honrando seus compromissos e pagando, nos quatro anos de mandato, religiosamente em dia os 600 funcionários e profissionais do futebol. Missão cumprida, que teve início com aporte, à época, de um milhão e seiscentos mil dólares, por parte de três rubro-negros. Assim foi possível entrar no clube, em janeiro de 1995, olhando nos olhos dos funcionários. Como bônus, sem que o Flamengo tivesse colocado um centavo, a contratação de Romário, herói do tetra e melhor jogador do mundo, que foi o veículo de uma grande virada.
Claro que, ao longo de 129 anos, o Flamengo teve, também, dirigentes irresponsáveis, incompetentes e até aproveitadores, que só tinham em mente colocar algum no bolso, porém, minoria insignificante ante tantos apaixonados, abnegados rubro-negros. Alguns, inclusive, comprometendo suas vidas familiares e profissionais.
Quem viu a matéria deve ter ficado com a certeza de que o Flamengo era a ovelha negra do futebol brasileiro. Mentira! Os problemas do Flamengo eram rigorosamente iguais a 99% de todos os clubes que abraçaram o futebol no Brasil.
Claro que, como o Flamengo é maior em tudo, a conta também fica mais cara. E, consequentemente, mais injusta.
Bangu 0 x 5 Flamengo
Ia esquecendo. O segundo tempo dos nossos meninos, muito bom. Teresa tem estrela…