EXTRACAMPO
Arbitragem que dá pau em Chico vai dar em Francisco?
Por DIOGO DURÃO
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Publicado em 05/03/2023 às 06:00
Alterado em 05/03/2023 às 18:27
Na noite da última quinta feira, cenas lamentáveis marcaram o fim do jogo entre Sergipe e Botafogo pela Copa do Brasil.
Jogando em casa, a equipe sergipana vencia por 1 a 0 até o minuto 54' da etapa complementar. No último lance do jogo, após cobrança de escanteio, o alvinegro carioca marcou e, com o placar final de 1 a 1, classificou-se. (já que a primeira fase da competição é disputada em jogo único, e o visitante tem a vantagem do empate). O gol botafoguense desencadeou uma enorme confusão. Indignados com os 9 minutos acrescidos pelo arbítro, dirigentes do então eliminado Sergipe invadiram o campo e partiram para agressão. Claro que o alvo era o trio de arbitragem.
A ideia do texto não consiste em avaliar a atuação da equipe de arbitragem, nem mesmo julgar se o tempo acréscido fora devido, mas sim refletir sobre uma temática observada há décadas: se fosse o contrário - quero dizer, o time de maior expressão pressionado pelo adversário e o risco iminente de sofrer um gol eliminatório -, o segundo período da partida chegaria aos 54, ou seja, 9 de acréscimo?
Sabe-se que lances envolvendo decisões de arbitragem são, frequentemente, os mais polêmicos do futebol. Não à toa, sempre que o árbitro e/ou assistentes assinalam com base interpretativa, margens para dúvidas e reclamações são inerentes, sobretudo quando se trata de interferências relevantes, ou seja, aquelas que impactam no resultado/classificação.
O questionamento aqui não tem a ver com o a capacidade física e técnica da arbitragem. Também não é critica à formação, ao preparo e aos processos de seletividade dos profissionais da área.
No entanto, se faz necessário voltar certa atenção para aspectos "obscuros" que permeiam as relações: arbitragem x instituições (federações e confederações); arbitragem x clubes; arbitragem x imprensa; arbitragem x torcida. E, ultimamente, é pertinente ligar o alerta para a hipotética relação entre arbitragem x apostas esportivas (por que não?)
Do lado de cá do palanque, é difícil mensurar como cada um dos referidos aspectos influencia o universo da arbitragem. Entretanto, não dá pra ignorar que a responsabilidade do ofício de mediar o maior esporte do planeta é humana, logo constantemente sujeita a manipulações.
Embora o contexto desse Sergipe x Botafogo sintonize, com este meu questionamento, o que tange à influência do peso da camisa numa decisão de arbitragem, houve muitos episódios mais marcantes; nossa, muitos. O que pensar, por exemplo, do Campeonato Brasileiro de 2005? O maior escândalo da arbitragem nacional.
Mas os tempos mudaram, não é mesmo? Vivemos a era do VAR, que de certo modo coíbe as ações mais tendenciosas. Todavia, incomoda presumir que, em caso de dúvida, os maiores serão beneficiados em 90% das vezes.
Pensemos nos "porquês" de um arbítro, por mais apto e imparcial que seja, tende a decidir em favor do mais forte, em especial, se tal decisão puder definir o placar...
Evitar exposições negativas, conflitos, indisposições etc são comportamentos de autoproteção inerentes ao ser humano. Sem ET e sem robôs, essa conta de que seu time do coração só ganha na bola não fecha, ok?!
Via de regra, a uniformidade de critério é um factóide. Na hora do pega pra capar, vai valer que GG > G > M > P > PP.
Se acredito em exceção? Até demais! Mas deixa eu te contar uma verdade: a regra do futebol não é tão clara. E o próprio Arnaldo sabe disso.