EXTRACAMPO
Transição para novo ciclo da Seleção deixa má impressão
Por DIOGO DURÃO
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Publicado em 26/03/2023 às 09:10
Alterado em 26/03/2023 às 09:43
O Brasil perdeu de 2 a1 para Marrocos neste sábado, em Tânger.
O primeiro tempo já apontou sensíveis diferenças entre as equipes. Marrocos apresentando um bom padrão coletivo, fielmente alinhado com o estilo de jogo que a fez sensação da última Copa, enquanto o Brasil esbanjou carência de entrosamento e estrutura tática.
O técnico Ramon Menezes apostou em uma formação mesclada, entre titulares e reservas efetivos de Tite, além de três novatos (o zagueiro Ibanez, o volante Andrey Santos e o atacante Rony) que já em primeira chance na Seleção principal foram titulares. No segundo tempo, o interino pôs mais dois entreantes, Vitor Roque, que entrou aos 19' junto com Raphael Veiga, e Antony e Yuri Alberto aos 39.
Não associo tais estreias ao comprometimento tático da Seleção, até porque foi um para cada setor do campo.
O time teve ampla dificuldade na construção de jogadas. Parece que depender quase que exclusivamente de ações individuais segue sendo uma das nossas maiores limitações.
Não houve boa conexão de passes em nenhum dos setores. Não à toa, as melhores chances de gol surgiram a partir de erros de posse de bola do adversário.
Não acho que tenha faltado movimentação, os jogadores até que tentaram, tanto por meio do corredor central como pelas beiradas do campo, mas fiquei com a sensação de que faltou um melhor posicionamento, uma maior compactação, a fim de facilitar as linhas de passe. E como Marrocos se porta muito bem no bloco baixo, os espaços ficaram restritos demais. Inclusive, ao contrário do que se via com Tite, a Seleção ainda tentou bastante bolas longas, porém sem êxito.
O sistema defensivo até pareceu mais organizado, entretanto, ainda carecemos de melhor performance nos combates individuais. Outro problema são as bolas rebatidas e espirradas na área e no entorno. Muitas delas ficam com o adversário.
Vini Jr tem sido o jogador mais acionado, talvez em posição de maior protagonismo, especialmente pela ausência de Neymar.
Não começamos esse novo ciclo da melhor maneira, mas se realmente a CBF fechar com Ancelotti, as expectativas de progresso são enormes.
Material humano não nos falta, convenhamos. Talvez falte mesmo alguém para implementar um modelo de jogo que seja mais compatível com nossos melhores jogadores.
Essa sensação de relativização para resultados inesperados precisa ser desconstruida urgentemente. Não podemos tratar com normalidade, por exemplo, eliminação na Copa para Croácia e derrota, ainda que em amistoso, para Marrocos.
Convenhamos que mudanças mais drásticas precisam ser feitas.