Embarque na última chamada
Quem só vê o placar da derrota desta quinta-feira (4) da seleção brasileira contra Camarões por 77 a 74 não tem a menor ideia do sofrimento que ocorreu em Riga. O Brasil flertou fortemente com uma eliminação histórica ao ter um dos piores segundos períodos dessa geração de jogadores e ficar 20 pontos atrás do placar.
O jogo começou imediatamente após a vitória contra Montenegro (link aqui https://www.jb.com.br/esportes/nas-quadras/2024/07/1050787-nas-asas-de-caboclo.html) e ao triste anúncio de que o armador Raul Neto, o Raulzinho, sofreu um estiramento e estava fora do restante do torneio. Para a posição de armador principal, ficamos com Marcelinho Huertas e Yago, voltando de lesão. Georginho era uma opção.
Pois bem. O primeiro tempo mostrou equilíbrio, com Camarões vencendo o Brasil por 29 a 27. Com uma defesa sufocante em Bruno Caboclo e uma intensidade absurda no segundo período, os Camaroneses dispararam no placar, e o técnico brasileiro Petrovic parecia sem respostas. O time brasileiro parecia sem forças, pesado e inerte contra um time mais forte, ágil e com pontaria em dia.
Jeremiah Hill castigou o Brasil com arremessos de 3 pontos. O que estranhou nesse comportamento do técnico brasileiro foi a passividade em relação ao péssimo segundo período. Petrovic sabe e sofreu na pele exatamente isso no último Pré-Olímpico de 2020, na Croácia. Foi um péssimo período, e o Brasil ficou sem a vaga. Com Caboclo marcado implacavelmente, péssimo aproveitamento de 3 pontos e os armadores em dias bem abaixo, o Brasil caminhava para uma eliminação. O Brasil desceu para os vestiários com o peso do placar de 56 a 39.
A atitude no terceiro período foi outra. O time começou aplicado na defesa e, aos poucos, foi tirando a vantagem do time adversário. Dois jogadores foram fundamentais na partida: Léo Meindl e Lucas Dias. Meindl, por sinal, foi o melhor jogador em quadra do Brasil e fechou com 19 pontos e 5 rebotes. Mesmo jogando pendurado com faltas, Léo teve uma entrega absurda, e o Brasil deve grande parte da sua classificação ao jogador. Já Lucas Dias, na seleção, não tem o protagonismo que tem no Sesi-Franca, mas teve uma das suas melhores passagens pelo time brasileiro. Foram 16 pontos em 35 minutos em quadra. Sua vibração no terceiro período ajudou. Já Camarões pagou o preço pela intensidade nos dois primeiros períodos. O time visivelmente cansou e passou a sofrer em jogadas como os rebotes. Quando um pequenino Yago consegue pegar um rebote de defesa na frente de 3 alas camaroneses, dá para perceber que algo mudou.
O quarto e derradeiro período foi o melhor do Brasil. Caboclo voltou à quadra e, junto com Léo Meindl e Benite, conseguiu tirar toda a vantagem do time adversário, e teve tudo para virar a partida quando o placar marcava 74 a 72, faltando 2:15 para encerrar o jogo. Não era tão necessário, já que o saldo de 6 colocava o Brasil em primeiro. Depois de dois lance-livres de Benite, o Brasil chegou a empatar em 74 a 74. Foi quando Jeremiah Hil acertou seu sexto arremesso de 3 pontos e deu números finais à partida. Placar de 77 a 74, Brasil em primeiro, e enfrenta no sábado as Filipinas. Do outro lado, Camarões enfrenta a Letônia. Quem vencer estes dois confrontos vai para a final, no domingo.