NAS QUADRAS
O nosso basquete
Por PEDRO RODRIGUES
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Publicado em 13/10/2024 às 06:02
Alterado em 13/10/2024 às 11:58
Começou nesse sábado (12) o maior campeonato de basquete do Brasil: o NBB. Na sua 17ª edição, o campeonato da Liga Nacional de Basquete vem carregado de histórias interessantes que merecem ser acompanhadas pelo público apaixonado pelo esporte da bola laranja. Preparem-se porque, até junho de 2025, essa edição promete ser recheada de emoções.
Antes de partirmos para os times cariocas, vamos dar uma passada no regulamento e o que iremos acompanhar nestes quase 9 meses de disputa. Depois do aumento dos clubes ocorrido na edição passada, tivemos uma certa estabilização no número de participantes. Do ano passado para cá, somente o Cerrado saiu da disputa e com isso, o NBB ficou com 18 times. O formato é o mesmo. Todos jogam contra todos em turno e returno. Do primeiro ao décimo-sexto colocado disputam os playoffs em melhor de 5. Ou seja, quem tiver 3 vitórias primeiro, leva.
As finais também serão em melhor de 5. Além do NBB, temos a Copa Super 8 (o torneio favorito da coluna) que envolve os 8 melhores colocados no final do primeiro turno, em uma disputa de mata-mata durante a última semana de janeiro de 2025. O que sempre chateia quem acompanha o basquete continua sendo as questões fora de quadra. Tanto o campeão do Super 8 quanto do NBB garantem participação na maior competição internacional do continente, a BCLA.
Até o momento do fechamento deste texto (sexta-feira, 11), não tínhamos confirmação da participação dos representantes brasileiros (Sesi-Franca, Flamengo e KTO Minas) na edição da BCLA este ano. Essa briga já fez estrago nesta temporada 2024/25. O R10 Score Vasco da Gama sofreu um revés complicado quando não teve sua participação na Liga SulAmericana deste ano. Perde o projeto de basquete do Vasco, o basquete Nacional e a própria competição da FIBA.
Chega de comentar dessas questões fora de quadra e vamos para o que interessa. Este ano, se o NBB tivesse que escolher um tema ou uma grande linha narrativa, não poderia ser outra que não “quem pode parar o Sesi-Franca”?
O atual tricampeão do NBB veio ainda melhor para a temporada 2024/2025. Se perdeu jogadores como Jhonatan Luz para o rival Flamengo, trouxe para se reforçar, nada mais, nada menos, que 2 jogadores que estiveram na seleção brasileira que participou das Olimpíadas de Paris.
Georginho chegou da Alemanha para “mudar o patamar” de Franca. O jogador multitalentoso joga em diversas posições, pode armar, concluir jogadas e é o maior reforço que um time teve neste NBB.
Podemos até discutir como fã de basquete se a opção do jogador de voltar ao Brasil é boa ou não para a seleção brasileira, mas para o NBB e, principalmente, para o Sesi-Franca, foi excelente. Junto com Georginho, o time de Lucas Dias recebeu de braços abertos o cria da casa e ex-Flamengo, Didi. O ala que saiu em baixa da Gávea após atuações erráticas na final do NBB do ano passado demonstrou no campeonato Paulista uma leveza que apresentou em poucos momentos na sua passagem pelo Rubro-Negro.
Com o trio Lucas Dias (ainda o melhor jogador em atividade no Brasil), Georginho e Didi, esse Sesi-Franca 2024/25 é melhor do que o time que venceu no ano passado. E muda também a filosofia do time. Se antes o técnico Helinho parava o adversário com uma defesa sufocante, agora o Franca deve demolir seus adversários com seu ataque multifacetado. O Sesi-Franca continua sendo o time a ser batido.
O Flamengo vem para esse NBB reformulado e espera-se que as feridas abertas na temporada passada já estejam cicatrizadas. Não é dificil de presumir que todos que acompanham o basquete rubro-negro imaginavam que ano passado seria o ano que o time de Gustavo de Conti acabaria com a hegemonia do Sesi-Franca.
O time venceu o Super 8, ficou em primeiro na temporada regular, chegou a final da BCLA e teve a faca e o queijo na mão para vencer o rival na final do NBB passado. Tirando a excelente atuação no jogo 2 da final, o Flamengo esteve muito abaixo e viu o Sesi-Franca vencer o tricampeonato em um Maracanãzinho lotado. Para aumentar a dor dos flamenguistas, esse jogo final marcou a despedida de Olivinha.
Sem identidade e cheio de perguntas em relação a seu elenco, o Flamengo foi ao mercado. E foi muito bem. Depois de um longo “namoro”, finalmente, a torcida do Flamengo terá a oportunidade de ver Shaq Johnson vestido a camisa do time. Melhor estrangeiro do NBB por 2 anos seguidos, quando esteve no Minas, Johnson será o pontuador que o time tanto precisava no passado.
Chega também o jovem armador Alexey Borges, com passagens por Franca, Mogi e Mexicanes da G-League. O jogador já causou muita dor de cabeça ao Flamengo quando jogava pelo Minas em 2021 e pode fazer uma dupla bem interessante com Franco Balbi na armação.
Reforços à parte, a pressão está toda no colo de Gustavo de Conti. Gustavinho continua sendo um dos melhores técnicos do país, e teve uma temporada passada que em qualquer outro clube seria considerada muito boa. Porém, estamos falando do Flamengo. É vencer ou vencer. E todos sabem que o trabalho será um sucesso ou não aos olhos apaixonados rubro-negros, se o Flamengo finalmente vencer o Franca na final do NBB.
Marquinhos terá papel fundamental no R10 Score Vasco da Gama (c Foto: Thiago Gambôa/LNB
Falando em paixão, os Vascaínos podem se orgulhar e se apaixonar de vez pelo time de basquete. O R10 Score Vasco da Gama mostrou em apenas uma temporada uma evolução absurda, e por pouco não chegou às semifinais do NBB do ano passado. A base montada pelo coordenador de basquete, Gegê Chaia e o excelente técnico Léo Figueiró continua com a espinha dorsal de Paulichi, Eugeniuz e Marquinhos.
A grande novidade para o Cruzmaltino é o armador Jamaal (ex-Botafogo), parceiro de grande momentos com o técnico Léo Figueiró. Fiquem de olho nesse time do Vasco no Super 8. Uma competição de tiro curto, com time e torcida motivados, pode ser a fórmula para o primeiro grande passo desse projeto de basquete do Vasco.
O técnico Figueredo é o novo comandante do Botafogo Foto: Matheus Maranhão/lnb
Para fechar, não se enganem com os nomes pouco badalados do Botafogo, já que o Alvinegro mostrou na sua volta do NBB que a entrega dos jogadores não faltará.
O maior reforço fica no banco de reservas com a contratação do técnico argentino Sebastian Figueroa, ex-São José. O técnico terá um trabalho extra além do trabalho em quadra. Com as saídas de Jamaal para o Vasco e o Thornton para o Corinthians, o time perde um pouco da sua identificação com a torcida. O nome mais conhecido e que pode ajudar a manter essa identidade é o armador Matheusinho, ex-Flamengo e Pato Basquete. Ano passado, Matheusinho teve momentos muito bons em quadra, mesmo sofrendo com uma minutagem baixa. Agora isso deve mudar.
Chegaram também os estrangeiros Jett Speelman e Fred Thomas, que jogam pela primeira vez, no Brasil e o ala Felipe Motta, ex-Flamengo e Fortaleza.
Um bom reforço que está abaixo do radar de todos é o agora veterano Arthur Pecos. O Fogão já começa a temporada bem mais estruturado que no ano passado, quando iniciou os trabalhos quase em cima do inicio do campeonato. Com calma e planejamento, talvez o aperto que o time teve na temporada passada não se repita.