NAS QUADRAS
Nenhuma federação do mundo trata tão mal suas maiores marcas, como a FIBA Américas
Por PEDRO RODRIGUES
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Publicado em 15/01/2025 às 17:41
Alterado em 15/01/2025 às 17:41
Diz o ditado popular que a grama do vizinho é sempre mais verde. Nem sempre é assim. Quem acompanha este espaço aqui sabe que de vez em quando reclamamos e criticamos as organizações que cuidam do basquete nacional, a Liga Nacional e a CBB. Especialmente da forma que as “marcas” como Flamengo, Botafogo, São Paulo são tratadas. Precisamos rever nossa política aqui. Afinal, nenhuma federação do mundo trata tão mal as suas maiores marcas, como a FIBA Américas. Isso é um feito e tanto!
Isso porque em um campeonato que deveria ser a Libertadores da América do basquete, a Basketball Champion League Américas, BCLA, em tudo deixa muitíssimo a desejar. O torneio que conta com os melhores das ligas brasileiras e argentinas, precisa repensar a participação de times de mercados bem menores, como o panamenho e chileno. Vamos pegar o exemplo do Flamengo. O time da Gávea enfrentou no último domingo o time do Toros de Chiriquí. Teoricamente, seria um jogo difícil. Era aquela fórmula: Jogo fora, em ginásio lotado e time local sob pressão do resultado. Que nada! O ginásio estava vazio, tal e qual aconteceu no Tijuca Tênis Clube na janela de dezembro. Até faz sentido não aparecer público, já que o time do Panamá é bem fraco. Para dar uma ideia, o Toros teve que contratar às pressas jogadores veteraníssimos como Michael Hicks, de 48, isso mesmo, 48 anos, para completar o time. Com isso, o Flamengo passeou. Se não fosse uma corrida de 12 pontos no primeiro período do time local, o jogo seria de uma monotonia extrema. O Flamengo acelerou, acertou sua defesa e soube concluir todas as oportunidades. O Fla converteu 57% de seus arremessos de 3 pontos (19/33). O domínio foi tanto por parte do Fla que, no último período, o time panamenho marcou 6 pontos. 6 Pontos. Resultado: vitória fácil do Flamengo por 96 a 50.
Na partida seguinte, segunda (13) contra o Boca Juniors, valia a classificação antecipada do rubro-negro para as quartas de final. Em uma segunda-feira à noite, 22h40 para ser mais preciso, com transmissão apenas em inglês no canal oficial da Fiba, somente o mais interessado torcedor rubro-negro viu a melhor atuação do time de Gustavo de Conti na temporada 2024/2025. Shaq Johnson Sr. teve a sua melhor partida pelo Fla, com 22 pontos, e Alexey Borges, mais uma vez, foi o motor do time. Vitória importantíssima para o Fla por 96 a 61, e classificação garantida para as quartas de final da competição. Uma pena mesmo que tenha sido tão “escondido” do público brasileiro. Chega ser chocante quando você tem em seu campeonato times como Flamengo e Boca Juniors e não consegue atrair interesse do mercado brasileiro para transmissão, é realmente caso de voltar para a prancheta e repensar seu produto.
A cereja do bolo veio nessa terça, diia 14. O time do Boca Junior teve seus objetos pessoais, como celulares, furtados durante a partida no Poliesportivo Roberto Durán, na cidade do Panamá! A nota oficial do time argentino explica muito bem a situação; ”Note-se que, dentro do estádio, nunca houve uma operação de segurança correspondente à situação, tanto na prévia como no pós-jogo.”
É muito triste ver como o basquete sul-americano é tratado pela sua maior entidade. Poderíamos ter um torneio de tiro curto, com argentinos e brasileiros entrando somente nas quartas, e as vagas remanescentes oriundas de uma espécie de torneio “pré-Libertadores” para garantir que somente os melhores passassem. Acho muito difícil ter alguma mudança neste sentido. Em um torneio escondido, sem pressão da opinião pública e nem dos clubes brasileiros e argentinos, fica difícil qualquer mudança.