NAS QUADRAS

Nunca será um jogo comum

Por PEDRO RODRIGUES
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Publicado em 28/01/2025 às 15:38

Alterado em 28/01/2025 às 15:40

Humberto (19), Léo Figueiró e Gustavo De Conti conversam com o arbitro Cristiano Maranho Foto: Pedro Rodrigues

O texto de hoje era sobre a patética situação de Jimmy Butler e a sua possível troca para o Phoenix Suns, mas tinha um Super 8 pelo caminho. Na edição desta semana da “Nas Quadras” escrevi que a Copa Super 8 é um ótimo ponto de partida para quem quiser acompanhar o NBB.

Acertei errando. Quem viu a partida entre Flamengo e Vasco pela Copa Super 8 teve um “potpourri” de tudo que temos de errado no basquete nacional. O que cansa quem acompanha basquete é que não se aprende com experiência passadas. Falo somente pelas experiências, porque aprender com erros nunca aconteceu e duvido que aconteça. Que Flamengo e Vasco é um jogo complicado desde 2017, quando os dois se reencontraram nas quadras de basquete, todo mundo sabe. Fazendo um exercício rápido de memória, lembro que tivemos o jogo na HSBC sem público, depois de anunciar 200 mil vezes que teria público, o outro jogo com a briga depois da enterrada do MJ Rhett, do Flamengo, aquela da chuvarada em Manaus e, mais recente, o famoso jogo da tabela abaixo dos padrões em São Januário. É um histórico recente que não é possível que a Liga Nacional não tenha. Isso tem que estar claro: Flamengo e Vasco é um jogo que requer cuidados extremos dentro e fora de quadra. Porém, trataram o Flamengo e Vasco em um jogo eliminatório com rivalidades ferrenhas entre os profissionais dos dois clubes e com transmissão no Sportv como mais um jogo. Não é e nunca será.

O primeiro quarto enganou a todos, afinal, tivemos um bom jogo de basquete. Fechamos o primeiro período com o Flamengo vencendo por 29 a 22, em um jogo bem disputado em que o técnico Vascaíno, Léo Figueiró, soube muito bem neutralizar os pivôs Ruan Miranda e Gallizzi, do Flamengo, com dobras muito bem feitas. O segundo quarto foi um pouco abaixo tecnicamente porque foi ali que se acendeu a fagulha dos problemas que tivemos no final. Quando falamos que não era para ser tratado como um jogo normal, isso passa também pela arbitragem. O trio de arbitragem composto por Cristiano Maranho, Jacob Cassimiro Barreto e Gregório Aguiar Lelis tinha muito para se preocupar. Passando por um ginásio contra eles, times pilhados e uma pressão absurda na condução deste jogo. Para que o jogo corresse sem tantos percalços, os critérios tinham que ser claros e iguais. Se não tem igualdade nas arquibancadas, já que temos torcida única, dentro de quadra tem que ser diferente. Não foi. O lance que dá início à confusão com Gallizzi e Humberto, na verdade, tem sua gênese em uma jogada na lateral onde Gallizzi acerta uma cotovelada em Eugeniuz do Vasco. Não foi uma cotovelada proposital. Foi um movimento brusco do pivô, que é um jogador físico. De qualquer forma, tem que ser marcada a falta. Segue o jogo e Williams, do Flamengo, se enrosca com Humberto e começa o caos. Gallizzi, do Flamengo, Marquinhos e Humberto, do Vasco, expulsos. Gallizzi e Humberto, pela briga, e Marquinhos, por um encontrão no técnico Gustavo De Conti, que tentava separar os jogadores.

 

 

Mesmo assim, o Vasco competiu e foi valente. Muito valente. O time chegou ao final do terceiro período perdendo por apenas um 2 pontos, 63 a 61. Até o fatídico quarto período. O placar marcava 79 a 69, com 3:37 para acabar o jogo, quando a arbitragem marcou falta de Eugeniuz, do Vasco, em Jordan Williams. Desta marcação sai mais uma falta técnica no técnico vascaíno Léo Figueiró, e a falta de Eugeniuz muda para falta desqualificante. Mais duas peças importantíssimas de São Januário fora do jogo. Aqui temos mais um erro. A passagem dos jogadores vascaínos acontecia embaixo da torcida do Flamengo, que jogou um copo no banco do Vasco. O coordenador do basquete do Vasco, Gege Chaia, quase caiu feio devido ao líquido no chão e, em um ato quase de preservação de integridade física do seus comandados, mandou todos saírem da partida. Depois de quase 20 minutos, o Vasco “voltou” ao jogo. Seus jogadores gastaram os seus tempos de posse de bola, e quem tinha 4 faltas forçou a quinta. Cronômetro zerado, vitória do Flamengo, por 92 a 73, que enfrentará na semifinal o Sesi-Franca (venceu o seu jogo contra o Pinheiros por 91 a 59) nessa próxima quarta, dia 29, no Maracanãzinho.

Se acredito que teremos mudanças depois do que ocorreu neste domingo (26)? Não sei. Fé e esperança são etéreos demais. O que precisamos aqui é trabalho duro e uma profissionalização séria para que incidentes como estes não se repitam. Mas, como recebi de um amigo depois do jogo: “às vezes eu acho que a única boa notícia do NBB é que ninguém assiste a essas vergonhas”.

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