NAS QUADRAS

Trem bom

Por PEDRO RODRIGUES
pedro.rodrigues@nasquadras.online

Publicado em 25/03/2025 às 16:15

Alterado em 25/03/2025 às 16:15

O time Jonathan Luz foi o vencedor do Jogo das Estrelas do NBB Foto: Hedgard Moares/LNB

A Liga Nacional de Basquete realizou, no último fim de semana (21 e 22/3), a edição de 2025 do seu maior evento de marketing: o Jogo das Estrelas. Este ano, a Liga levou o badalado evento para a Arena UniBH, do Minas Tênis Clube.

E que acerto! Estamos falando de um evento de marketing, onde a exposição é fundamental. O primeiro local que vem à cabeça é São Paulo. Afinal é, de longe, o maior mercado brasileiro, onde estão concentradas as marcas, a mídia e os influenciadores. No entanto, São Paulo, hoje, não possui um ginásio adequado para receber o Jogo das Estrelas. O venerável Ibirapuera mostrou toda a sua idade na edição do ano passado (lembre aqui). Apenas um detalhe: naquela semana de 2024, São Paulo enfrentava uma onda de calor absurda. Foi difícil acompanhar o jogo sem ar-condicionado. Outro ponto: ouvi de pessoas envolvidas na organização da Liga Nacional que, para viabilizar o evento no ano passado, foi necessário até instalar portas nos banheiros!

Para 2025, a Liga acertou em cheio ao realizar a edição nas instalações do Minas. Fazer o evento em Belo Horizonte significava contar com a infraestrutura estupenda do Minas Tênis Clube, possibilitando realizações como a amostra do NBB. E a Arena UniBH é, sem dúvida, um dos melhores ginásios do NBB, quiçá do Brasil. Sem preocupações com estrutura e logística, os organizadores puderam se concentrar nos eventos e entregar uma das melhores edições de todos os tempos.

 


Brandão, do Bauru, venceu o campeonato de enterradas pulando seu companheiro de time Andrezão, de 2,13m Foto: Yuri Reuters/LNB

 

Parafraseando nossos amigos mineiros, a Liga colocou o trem nos trilhos este ano. Enxuto, leve e dinâmico, o Jogo das Estrelas mostrou que pode entregar bons jogos de basquete (aprende, NBA). O primeiro acerto veio logo no primeiro evento: o Desafio de Habilidade virou o Desafio Crossover, no qual, além de realizar o circuito, o vencedor de cada etapa tinha cartas "coringa", como a possibilidade de pular uma atividade contra o adversário. A final foi entre Alexey Borges, do Flamengo, e Matheusinho, do Botafogo. O armador alvinegro mostrou que sua especialidade é lidar com pressão (nesta temporada, ele acertou dois arremessos com o cronômetro zerado para garantir vitórias do seu time), e venceu Alexey.

Confira o Desafio 

 

Nos três pontos, disputa gringa entre Brite, do Bauru, e Barnes, do Pato. Deu Brite. Nas enterradas, o jovem Brandão simplesmente pulou o pivô Andrezão, do Bauru, que tem 2,15m de altura, e levou o prêmio para casa.

Confira o Campeonato de Três Pontos

 

Confira o Campeonato de Enterradas

 

No sábado, tivemos o jogo em si. Mais que um jogo, um Final Four. O formato do Jogo das Estrelas coloca dois times de astros estabelecidos contra equipes de estrangeiros e novos talentos. Um desses times de astros era liderado pelo ala do Flamengo Jonathan Luz. Desde 2018, Luz não perde uma série de playoff e final. Resultado: vitória do Time Jonathan sobre o Time Reynan, formado por jovens, por 23 a 20. O MVP desta edição foi o jogador desta década do NBB: Lucas Dias, do Sesi-Franca.

 


Marquinhos, do R10 Score Vasco da Gama, foi homenageado por sua brilhante carreira Foto: Yuri Reuters/LNB

 

Além de entregar um grande jogo, a Liga Nacional fez uma belíssima homenagem a Marquinhos, ala do R10 Score Vasco da Gama e ex-Flamengo e Pinheiros. Um dos maiores vencedores e jogadores mais lendários do NBB anunciou que este será seu último ano. A homenagem no maior palco da temporada fez todo o sentido. Outro belo acerto da organização, que presenteou o jogador com um vídeo tributo com depoimentos do técnico José Neto e dos companheiros Olivinha, Duda Machado e Shamell.

 


A foto marcante com Marcelo Sousa, presidente da CBB (primeiro à esquerda), e Rodrigo Franco Montoro, presidente da Liga Nacional de Basquete, entre Arthur e Olivinha Foto: Alessandra Torres/LNB

 

Com o quesito "basquete" muito bem encaminhado, a Liga Nacional e a CBB mostraram maturidade e união. Durante a homenagem aos ex-jogadores Arthur (ex-Brasília) e Olivinha (ex-Flamengo), os prêmios foram entregues em conjunto pelos presidentes da CBB, Marcelo Corrêa Sousa, e da Liga Nacional, Rodrigo Franco Montoro. Se os dois mandatários do basquete nacional precisavam de um marco para suas gestões, esse gesto de união atende perfeitamente a essa necessidade. As duas entidades ainda não oficializaram, mas a foto dos dois juntos sugere que a chancela do NBB, que havia sido retirada, está de volta! O basquete nacional tem que aproveitar esse bom momento, que começa no pré-olímpico de Riga, passa pelas Olimpíadas, pela contratação de Pokey Chatman para a seleção feminina e culmina na paz selada no Jogo das Estrelas.

Para fechar, um pequeno puxão de orelha. Somente na sexta-feira tivemos uma homenagem ao grande Wlamir Marques, que nos deixou no dia 18 de março. Houve apenas um pedido de salva de palmas. Pouco para o tamanho de Wlamir Marques.

No sábado (22), a Liga Nacional de Basquete projetou, pela primeira vez no Brasil, um vídeo com imagens na quadra. A Arena UniBH brilhava. Depois de um evento que combinou comprometimento, entrega, maturidade e capacidade de maravilhar, não há razão para que o basquete nacional também não possa brilhar.

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