NAS QUADRAS
Deu orgulho à Nação!
Por PEDRO RODRIGUES
pedro.rodrigues@nasquadras.online
Publicado em 20/04/2025 às 10:30
Alterado em 20/04/2025 às 10:30

O projeto de basquete do Flamengo tem uma marca que emana humanidade: o orgulho. Essa marca — e essa humanidade — precisam ser alimentadas por grandes momentos, de preferência perto dos olhos e corações da apaixonada torcida rubro-negra. Depois de um período com vitórias importantes conquistadas fora de seus domínios - mais recentemente, o Super 8 sobre o Minas (lembre aqui) - o time de basquete do Flamengo pode ter iniciado um processo de reconquista dos torcedores: neste fim de semana, jogando no Maracanãzinho, o rubro-negro venceu pela terceira vez o título da Liga dos Campeões das Américas (BCLA - Basketball Champions League Americas), atuando de forma convincente nas duas partidas decisivas.
Melhores momentos de Flamengo e Franca
Esta reconquista não poderia começar de forma melhor. Nessa sexta-feira (19), Flamengo venceu o arquirrival Sesi-Franca por 91 a 67, em uma partida em que sufocou os tricampeões do NBB, que visivelmente não são o mesmo time do ano passado. Em um momento de lucidez, o astro de Franca, Lucas Dias, disse em entrevista ao final da partida que “foi uma vergonha”. O destaque da partida foi também o destaque do campeonato: o armador Alexey Borges (24 pontos e 9 assistências). A final foi contra o Boca Juniors, que venceu o Instituto Córdoba por 88 a 73, também na noite de sexta. O time argentino tinha velhos conhecidos do Flamengo: Vildoza, Martín Cuello e Andrés Ibargüen já jogaram pelo Fla, e Santiago Scala sempre foi um problema para o rubro-negro quando atuava pelo Franca.
No jogo deste sábado (20), o Flamengo deixou claro, logo no início, que iria com tudo para cima do Boca. O time argentino tem jogadores talentosíssimos, mas não é atlético como o rubro-negro. E foi utilizando esse maior “pulmão” que o Fla arrasou o Boca no primeiro período: 30 a 13. No segundo quarto, foi a vez do elenco do time da Gávea funcionar. Se a correria não surtiu efeito, foram os arremessos certeiros de Shaq Johnson Sr. que mantiveram o Fla na partida. O terceiro período assustou um pouco, pela baixa produtividade do ataque rubro-negro, até a chegada de Gui Deodato. O jogador energizou a partida com seus arremessos de três pontos e acrobáticas bandejas. O Boca tinha em Cuello (16 pontos) sua melhor arma. Cuello é um bom jogador, mas não tem perfil para carregar um time. Ter Cuello como ponto focal, com Vildoza marcando apenas 9 pontos e Scala apenas 4, mostra como o Fla foi dominante.
Melhores momentos da final
De todas as estrelas que brilharam na noite de sábado, nenhuma mais intensamente do que o armador Alexey Borges. Seus 15 pontos e 6 assistências na final não traduzem o impacto que o jogador teve dentro e fora de quadra. Alexey “entendeu” o que é jogar pelo Flamengo. Sob a mentoria de Franco Balbi, um pilar do basquete rubro-negro, Alexey pode — e deve — ser o jogador que conduzirá o basquete do Fla pelos próximos anos. E nesta BCLA, diante da fanática torcida que compareceu em bom número à final, Alexey se consagrou como “o” cara. Com justiça, o armador foi eleito o jogador mais valioso desta edição 2025 da BCLA.
Claro que o técnico Sergio Hernández tem muitos méritos nesta conquista. O time oscilou um pouco após sua chegada, em fevereiro, depois que o Flamengo dispensou Gustavo de Conti, mas mostrou que cresceu nos momentos decisivos. Dito isso, essa vitória tem a assinatura de Gustavinho. Não tem como dissociar, já que a montagem deste elenco passou por ele. E apostar em jogadores como Alexey, Jordan Williams, Ruan Miranda, Gallizzi e Shaq Johnson se pagou com muitos dividendos. No final, Gustavinho montou toda a estrutura, realizou a vitoriosa campanha, e Oveja entregou o título.
Com a vitória nesta edição 2025 da BCLA, o Flamengo se torna o maior vencedor da competição, com três títulos, e disputará o Final Four continental em Cingapura, em setembro.
Com um título continental conquistado na frente de seus torcedores, vencendo o rival Franca e um time de peso como o Boca, e com jogadores que mostram que entendem o que é jogar pelo Flamengo, o basquete rubro-negro tem tudo para voltar a ser o Orgulho da Nação.
__________
Na preliminar da final, o Franca venceu o Instituto Córdoba por 74 a 59 e ficou com o terceiro lugar.
__________
Jonathan Luz, do Flamengo, não perde uma série de playoff ou final desde 2018. Surreal.
__________