Brasil disputa Mundial tentando apagar o escândalo do doping

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Jornal do Brasil

BERLIM - Sob a sombra do escândalo de doping que, até agora, resultou na suspensão de oito atletas e dois treinadores a delegação brasileira começa o desafio do Mundial de Atletismo, em Berlim, a partir deste sábado. A primeira prova da competição, a eliminatória do arremesso de peso masculino, sem brasileiros, será disputada às 5h (de Brasília). O Brasil tem em Maurren Maggi, campeã olímpica do salto em distância, sua principal aposta de medalha. Mas perdeu chances após o esquema de doping ter sido desvendado pela confederação nacional da modalidade (CBAt).

É o caso do revezamento 4x100m, quarto colocado nos Jogos de Pequim-2008. Dois integrantes do time, Bruno Tenório e Jorge Célio Sena, acabaram afastados depois de o exame antidoping ter acusado a presença de EPO, substância que reduz a fadiga e melhora a resistência. Mesmo sem eles, o técnico Katsuhico Nakaya mantém a esperança de que a equipe pode ir à final. Ele ainda não definiu o quarteto que correrá.

Em princípio, o Vicente Lenilson abre a prova para o Brasil. O Sandro Viana deve ser o segundo homem, o Basílio de Moraes o terceiro e o Codó (José Carlos Moreira) fecha explicou Nakaya. Ainda não é definitiva, mas essa é a formação mais provável, forte para obter a classificação para a final do campeonato pela sexta vez.

O Brasil foi vice-campeão mundial em Paris-2003, bronze em Sevilha-1999 e ficou em quarto lugar em Osaka-2007 entre os homens.

O doping provocou sete baixas na delegação verde-amarela, que, inicialmente, tinha 45 atletas. Seis atletas tiveram testes antidopagem positivos: além de Bruno e Jorge Célio, os outros foram Josiane Tito, Luciana França, Lucimar Teodoro e Lucimara Silvestre todos estão suspensos dois anos após terem aberto mão da contraprova. Evelyn Santos, que faz parte da mesma equipe dos seis, a Rede, de Bragança Paulista (SP), voltou de Berlim depois de ter admitido, em depoimento à CBAt, que também recebeu injeções do estafe da equipe paulista. Ela foi suspensa, apesar de o resultado de seu antidoping ter sido negativo.

Campeã olímpica confiante

Maurren treinou, nesta quinta-feira, levemente e voltou a falar de suas esperanças no Mundial.

Há adversárias fortes e o desempenho de todas está muito próximo este ano. Acho que dá para esperar um bom salto, um lugar na final e a briga por medalha disse a campeã olímpica, que conta com um salto de, pelo menos, 7m para chegar ao pódio em Berlim.

Em Pequim, ela conquistou o ouro na Olimpíada com 7,04m, superando a russa Tatiana Lebedeva (7,03m) por um centímetro.

Fabiana Murer, do salto com vara, prevê equilíbrio em sua prova, na qual a russa Yelena Isinbayeva é pule de dez para o ouro. O treinador Elson Miranda está animado:

Tanto o Fábio (Gomes da Silva, representante nacional no salto com vara masculino) quanto a Fabiana vem treinando muito bem explicou o treinador.

A maioria dos brasileiros que já estão em Berlim treinou, nesta quinta-feira, em até dois períodos. A estreia brasileira no Mundial será na prova dos 3.000m com obstáculos, com Sabine Letícia Heitling, às 5h50 (de Brasília) de sábado. Até hoje, o país jamais conquistou a medalha de ouro no Mundial de Atletismo: foram cinco pratas e cinco bronzes.