Equipes de judô e atletismo não cumprem metas do COB nos Mundiais

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Rafael Gonzalez, Jornal do Brasil

RIO - Atletismo e judô são esportes totalmente distintos. Mas hoje, no Brasil, vivem momentos parecidos. Reconhecidamente fortes por aqui, ambos não obtiveram os resultados esperados nos respectivos mundiais. Em Berlim, as esperanças de medalha caíram por terra com as lesões de Maurren Maggi e Jadel Gregório e o escândalo do doping que desfalcou a equipe masculina no revezamento 4x100m. Em Roterdã, os judocas brasileiros não repetiram a boa campanha de 2008 na Olimpíada de Pequim, quando obtiveram três medalhas de bronze.

A expectativa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), responsável pelo repasse das verbas de patrocínio do governo federal regulamentadas pela Lei Piva, era de três medalhas no Mundial de Judô, e de uma a duas medalhas no Mundial de Atletismo. Correspondido só mesmo o número de atletas em finais de atletismo: o COB esperava oito e foram 13 os classificados, contando com os dois quartetos de revezamento masculino e feminino.

Dentro do planejamento traçado para Londres-2012, o COB vai se reunir com todas as confederações no objetivo de analisar a execução das ações em 2009 e aperfeiçoar o programa já em 2010, com foco nas deficiências apresentadas explicou o superintendente do COB, Marcus Vinicius Freire.

O repasse dessas verbas do Comitê Olímpico é feito de acordo com as conquistas e o desenvolvimento de cada esporte. O judô e o atletismo, junto com vela, vôlei e desportos aquáticos, estão no grupo de maior valor (R$ 2,5 milhões) de patrocínio por ano. São esportes com campeões ou conquistas de mais de uma medalha em Jogos Olímpicos.

A distribuição de recursos está vinculada à execução do programa definido conjuntamente entre o COB e as confederações. Mas não devemos restringir essa análise somente à conquista de medalhas. Nosso olhar está no médio e longo prazo afirmou Marcus Vinicius.

No caso do atletismo, o patrocínio maior vem da Caixa Econômica Federal. Em nota oficial, a empresa também explicou que os programas desenvolvidos no esporte nacional não estão atrelados diretamente à conquista de medalhas, mas sim à evolução do esporte de uma maneira geral. Para o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), Roberto Gesta de Melo, o mau desempenho não representa problemas na receita.

A cada ano a verba da Caixa aumenta. Estamos hoje em R$ 13 milhões ao ano. Há uma série de projetos cumpridos que não estão ligados necessariamente ao desempenho nessas competições. No Mundial, não fomos bem e vamos reformular algumas coisas em função disso. Traremos consultores estrangeiros, estudaremos possíveis problemas em treinamento individual, tudo isso será visto explica.

Sem abalos no patrocínio

Nos tatames, tudo parece tomar o mesmo rumo, como explica Ney Wilson, coordenador técnico da seleção brasileira de judô.

Fomos mal, mas temos lastro. Claro que um desempenho desses repercute mal, mas, já que erramos, foi na hora certa. Este é o primeiro ano do ciclo olímpico explicou.

Roberto Gesta, da CBAt, ressalta que falta trabalho de base no país.

O sistema desportivo nacional não provém meios para que a gente possa recrutar novos talentos confessou o dirigente, que criticou os palpiteiros de plantão. Incomoda essa hipocrisia daqueles que se dizem especialistas e reclamam dos critérios de classificação para competições. Esses critérios são estipulados pelos melhores treinadores de todos os tempos e discutidos em fórum nacional. A CBAt ainda dificulta ao máximo a obtenção dos índices.