Os Gracie de volta ao UFC com o peso-pesado Rolles
Fernanda Prates, Jornal do Brasil
RIO - Em sua estreia no Ultimate Fighting Championship, há mais em jogo para Rolles Gracie do que uma simples vitória. Na madrugada de domingo, quando colocar os pés no octógono do UFC 109, em Mandalay Beach, Las Vegas, o lutador estará levando o peso de um sobrenome que virou sinônimo de luta no mundo. Segundo membro do clã a entrar no octógono - que não via um Gracie desde 2006 -, Rolles enfrentará Joey Beltran na categoria peso-pesado (acima de 93kg). O evento será transmitido a partir de 1h pelos canais Combate e Combate HD.
Ciente da pressão de seu sobrenome, ele se diz tranquilo:
- Eu sei que meu nome abre portas, e que eu me beneficiei dos meus antepassados, por toda a sua história - reconhece Rolles. - Mas, hoje, o pessoal não quer saber só de nome, quer saber de luta. Por um lado, há, sim, a pressão para mostrar serviço, mas não vou deixar essa pressão subir à cabeça.
A relação entre os Gracie e o evento é peculiar. Em 1993, foi Royce, primo de Rolles, que ajudou a idealizar o UFC. Porém, após marcar uma era e aumentar a popularidade do jiu-jítsu no mundo, Royce se afastou do evento, retornando apenas em 2006. Foi a última aparição com a marca Gracie no octógono. Até hoje.
Além do ilustre primo, Rolles é neto de Carlos Gracie e filho de Rolls, considerado o Gracie mais técnico de sua geração. Apesar de não ter convivido muito com o pai, que faleceu aos 31 anos após um acidente de asa delta, Rolles acredita que ele revolucionou a arte suave. Para manter tudo em família, ninguém melhor que o primo Renzo para ajudar Rolles em seus treinos:
- Renzo tem me ajudado muito nos últimos seis anos. Foi ele que me ajudou a ajustar o meu jogo para o MMA - revelou Rolles.
O Gracie de 31 anos pode estar estreando no UFC, mas não é novato no mundo das lutas. Além de ser faixa preta de jiu-jítsu, Rolles já deixou sua marca no MMA, quando participou do extinto International Fighting League (IFL). E que marca. Venceu, por finalização, suas três lutas.
Primeiro peso-pesado de uma família conhecida pelos atletas leves e ágeis, Rolles enfrenta Joey Beltran no card preliminar da noite. Apesar de Beltran ser praticante de wrestling, uma luta de chão, Rolles não acha que ele vá querer arriscar um combate no solo:
Eu não acredito que ele vá querer me derrubar. Pelo contrário, acho que ele vai usar o wrestling para evitar o chão.
O plano de Rolles é bem simples: finalizar.
- Amanhã e daqui a dez anos, eu vou sempre buscar finalizar - brincou. - Mas se eu ganhar de outro jeito, maravilha também!
Na luta principal do evento, o aguardado duelo entre Mark Coleman e Randy Couture, Rolles aposta em Couture - que, aos 46 anos, ainda esbanja fôlego no octógono.
MMA faz o Brasil ser também o país das lutas
"Se o Brasil era conhecido por samba e futebol, hoje é celeiro de lutadores". A frase de Rolles Gracie exemplifica bem o UFC 109, que conta com quatro nomes brasileiros entre os combates da noite em Las Vegas.
No card principal, que é televisionado, Demian Maia enfrenta Dan Miller. Com seis duelos e cinco vitórias, todas por finalização, Demian é um grande nome do jiu-jítsu mundial. Faixa-preta, ele tenta recuperar a boa imagem após um revés no UFC 102 - quando foi nocauteado em apenas 21 segundos por Nate Marquardt.
Também no card principal, o policial do Bope de Brasília Paulo Thiago enfrenta Mike Swick. Talentoso no chão e com poder de nocaute, o brasiliense fez fama ao nocautear Josh Koscheck no primeiro round, em 2009. Por fim, Ronys Torres, estreando no card preliminar do UFC, completa a lista brazuca da noite.
O card principal terá as lutas de Nate Marquardt vs. Chael Sonnen e Matt Serra vs. Frank Trigg