Exclusivo: um mergulho no mundo das blogueiras que dominam semanas de moda

Fomos atrás das assessorias e moças com câmeras e laptops nas mãos para entender o fenômeno

Por Com Pedro Willmersdorf e Beatriz Medeiros

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Cada uma delas é um veículo de comunicação, que caminha pelo Píer Mauá ou Jockey Club acoplado em sua redação particular: uma mala com rodinhas, que carrega câmera fotográfica, notebook e iPad, e, pelo menos, um smartphone à mão. Os blogs de moda são uma febre, mas poucas são as blogueiras que conseguem credenciais com acesso à sala de imprensa do Fashion Rio, convites para assistir os desfiles da fila A e mimos enviados pelas marcas de moda e beleza mais disputadas.

Na hora de convidar, ou melhor, contratar as blogueiras para a cobertura de um evento, as assessorias analisam o número de seguidores que elas têm no Twitter, além de prestar atenção no conteúdo de seus respectivos blogs, é claro, com foco especial no respeito à nossa língua. "O maior trunfo das blogueiras é a rapidez com que elas espalham a informação e atingem diversas faixas etárias", disse Wiled Silveira, dono da Ágil Comunicação, responsável por incluir cerca de 5 blogueiras na seleta lista de convidados para o desfile de Patricia Viera, que abriu a edição do Senac Rio Fashion Business. "Nós 'compramos' a repercussão delas, antes de pensarmos no conteúdo opinativo", contou. Toni Oliveira, dono da TNT Assessoria, destaca a liberdade das moças do Wordpress. "Acho que as pessoas confiam mais na opinião delas por serem mulheres comuns, que não estão atreladas a nenhum veículo formal, seja sobre desfiles ou produtos. A opinião pessoal é um dos princípios de qualquer blog", acredita. 

Ter um blog já deixou de ser um hobby para se tornar uma empresa, com firma reconhecida e tudo. "Elas são profissionais! Quando fomos fazer os convites para o desfile da Patricia, uma delas disse: 'Fala com o meu departamento comercial'", contou Wiled. A jornalista Lalá Noleto, por exemplo, se dedica em tempo integral ao Blog da Lalá Noleto e tem um fotógrafo e uma tradutora que lhe ajudam com os posts. "A parte de edição sou eu mesma quem faço, além de ser colaboradora da editoria de Beleza da Playboy", ressaltou a blogueira, que tem cerca de 2 milhões de pageviews por mês e acredita que a experiência de quatro anos no universo dos blogs é seu maior trunfo. "Como as pessoas me conhecem há mais tempo, a confiança é maior", acredita. 

Para Carla Lemos, que atinge a marca de cerca de 450 mil pageviews, é a sua carioquice que conta mais alto. "O maior diferencial do Modices é ser um blog de moda feito sob o olhar de uma carioca", salienta. A nossa cidade também é o lar de Thereza Chammas, que consegue atingir picos de 160 mil pageviews por dia em seu Fashionismo. "Eu procuro focar mais na análise de tendências, looks, desfiles e celebridades, mas sem alimentar o consumismo, para não cair na mesma fórmula dos outros. Além disso, não faço Look do Dia e acho que as blogueiras que topam mostrar suas vidas desse jeito precisam estar preparadas para aturar as críticas", opina.

Grande parte das críticas aos blogs está ligadada aos publieditoriais, ou posts pagos, que podem chegar a custar R$ 5 mil cada! Uma corrente acredita que as blogueiras se vendem e perdem seu senso crítico a partir do momento que aceitam um post pago. "Acho que a forma mais honesta de fazer um publieditorial é, antes de tudo, mostrar para seus leitores que aquele é um post pago. E, se for para escrever sobre algum produto, testá-lo e dar a sua verdadeira opinião sobre ele. Além disso, é preciso avaliar se a marca tem a cara do seu blog e de quem o lê", explica Thereza. "A forma como vou fazer o publi depende do briefing. Se é só para anunciar o lançamento de um produto, eu sigo o release e digo que ainda não testei ou vou testar e depois conto o resultado. Não posso perder a minha credibilidade, ela é tudo o que eu tenho", reforçou Lalá. 

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