No Circo, Gaby Amarantos rompe barreiras musicais: 'alguém tinha que fazer isso'

Estreando no Circo Voador, cantora faz fãs do forró e eletrônico dançarem juntos através tecnobrega

Por Com Pedro Willmersdorf e Beatriz Medeiros

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Camisas de gola fechada, cabelos raspados na lateral, botinhas de cano curto, óculos de armações grossas e mais tantas outros detalhes característicos dos ‘moderninhos’ pareciam tímidos assim que os portões do Circo Voador se abriram, na noite dessa sexta-feira (10). Mas aí o DJ Waldo Squash subiu ao palco e fez ecoar sob a lona da Lapa os mais novos hits do tecnobrega e seus remixes de marchinhas de carnaval e clássicos de Madonna, Britney Spears, Lady Gaga e até Daft Punk e todo mundo começou a dançar junto. A moça grávida e a menina na casa dos 9 anos de idade, a senhorinha de blusa de oncinha e salto alto, a mais clássica patricinha da Zona Sul e os hipsters que adoram manter o ar blasé. Por mais carismáticas que as músicas de Waldo fossem, o público ia à loucura mesmo quando ele apostava em algum hit de Gaby Amarantos, a grande atração da noite.

O encontro de Waldo e Gaby no Circo Voador não deixou espaço para o carão, para o ar blasé, para pés tímidos batendo no chão e mãos na altura da cintura segurando um copo de cerveja imóvel. “Hoje é dia de se permitir cair na 'fuleiragem'”, anunciou Gaby, alertando quem ainda não tivesse percebido. 

No início da semana, em um papo exclusivo com a coluna (que você pode ler AQUI), Gaby nos contou que estava preparando diversas surpresas. E foi usando um exuberante vestido mullet preto, que se transformava em body paetizado, com camadas de babados nos ombros e gola bordada com direito a acabamento em luzes neon multicor, assinado por Walério Araújo, que a cantora nos deu boa noite. Ao longo da apresentação, a paraense cantava seus hits Xirley, Ex Mai Love e Ela tá beba doida com o apoio e forte coro do público. Para agradar todos e cada um, cover de Vida de empreguete, sucesso saído da novela das 19h, Cheias de charme, com a ajuda das backing vocals carinhosamente chamadas de ‘curicas’; Deita na BR, da Aviões do Forró;  Balada boa, de Gusttavo Lima; Fogo e paixão, o clássico de Wando e até sobrou espaço para uma versão do grupo alemão Kraftwerk, derrubando qualquer obstáculo que ainda pudesse separar os gêneros musicais nessa época de antropofagia cultural. 

Como entreouvimos em um canto, ‘ela consegue unir a Feira de São Cristóvão à Comuna (casa na Zona Sul do Rio que é reduto de designers, fotógrafos, fashionistas, DJs e artistas)’ e fazer o hipster dançar de mãos dadas com a periguete. “Fico muito feliz de poder trazer uma nova proposta para a música brasileira, sem preconceito algum. Daqui de cima, vejo novos, velhos, grávidas, crianças, gays, héteros, patricinhas e uma galera moderna. Gaby Amarantos reúne todos os guetos! Alguém tinha que desempenhar esse papel!”, comemorava a emocionada cantora, que deixou o palco usando as criticadas sandálias Crocs – cheias de glitter, claro.

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