Ney Latorraca: melhora do estado de saúde do ator e muitas histórias para contar

O prazer de se ler uma boa notícia e a corrente de fé dos milhares de amigos do ator

Por Com Pedro Willmersdorf

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Posso pedir licença a você e dizer que a melhor notícia que eu li hoje foi a de que o estado de saúde de Ney Latorraca melhorou (e muito)? O boletim médico divulgado hoje pela Casa de Saúde São José nos dá conta de que o ator, internado desde o dia 25 de outubro, apresenta "franca recuperação, uma semana após o momento mais grave de sua evolução clínica. Ney já está acordado, demonstrando lucidez e bom humor". E mais: que ele poderá receber alta do CTI muito em breve.

Conheço Ney há anos. Viajamos juntos para diversos festivais de cinema do Circuito Inffinito de Produções, das irmãs Adriana e Cláudia Dutra + a sócia Viviane Spinelli. Além de ser o grande homenageado do Festival de Cinema de Miami, em 2007, ele sempre foi mestre-de-cerimônias e uma espécie de embaixador do evento. A foto que eu publico aqui foi feita por mim durante a mais recente viagem da gente, no ano passado. Ney estava mostrando o brinco que mandou confeccionar com um brilhante herdado da mãe, Nena, que morreu em 1994, a mulher mais importante de sua vida. 

Certa vez escrevi aqui, no JB, no início de uma entrevista com Ney que o dicionário Aurélio define a palavra "gentil" como nobre, generoso, cavalheiresco, agradável, aprazível... Quem convive com Ney Latorraca certamente entende do que eu estou falando. Ele é um ser humano gentil, amigo dos amigos, generoso... Costumo também dizer que, para falar dele, eu teria de apelar para o superlativo, sempre.

Achei também uma entrevista publicada em minha coluna, em 2010, deliciosa, na qual Ney Latorraca falava sobre diversos temas à época em que atuava na série S.O.S Emergência, na Globo, no papel do doutor Solano, diretor do Hospital Isaac Rosenberg, no humorístico de Marcius Melhem e Daniel Adjafre, sobre o dia-a-dia dos funcionários e pacientes. Ney soltava o verbo até sobre o que sentia ao ir ao médico. Vale relembrar:

 - Qual o laboratório para um personagem como este?

- Para criar o doutor Solano tive apoio dos médicos, enfermeiros e da direção do Copa D'Or, representada pelo diretor-geral, Rodrigo Gavina. Além do pulso firme do diretor da série, Mauro Mendonça Filho, e sem esquecer que tudo gira em torno de uma situação cômica, mesmo em se tratando de um hospital. Tudo com respeito, mas com muito humor.

- Você é hipocondríaco?

- Sou totalmente ligado ao mundo dos médicos. Gosto deles e eles de mim. É claro que eu brinco um pouco, sou uma pessoa cansativa e levo os médicos à loucura. Gosto de ficar bem, para mim e para o público. Já levanto da cama pensando nas minhas doses diárias de comprimidos, todos com receitas.

-  Quais as precauções de um hipocondríaco?

- Ter tudo anotado em uma agenda e os telefones dos médicos sempre ao alcance.

- Você conhece in loco as dificuldades dos hospitais brasileiros?

- "In loco" seria uma frase de efeito, mas já fui operado de emergência, no Miguel Couto, por conta de uma úlcera. Fui muito bem tratado.

- Qual a história mais bizarra que você tem para contar de uma ida ao médico?

- A última vez que me operei, em São Paulo, logo pela manhã, veio uma enfermeira linda, loura e gostosa e me deu um banho. Quando o médico chegou, eu comentei sobre a moça, e ele me disse que ela não era funcionária do hospital. Com certeza uma louca que chegava mais cedo e dava banho nos pacientes.

- Como vê a Saúde no Brasil como cidadão que honra o pagamento dos impostos?

- Acho que os médicos deveriam ser mais bem pagos, os hospitais mais bem equipados, os remédios mais baratos e os planos de saúde mais em conta e não a fortuna que pagamos. A campanha dos genéricos deveria ser mais difundida para dar mais confiança à população.

- Qual a sua contribuição como cidadão para o social?

- Estou mais preocupado com minhas atitudes dentro da sociedade, em trabalhos sociais. Fiz um testamento, em 1996, doando meus bens para a ABBR, Retiro dos Artistas, GAPA de Santos e Hanseníase de Campo Grande.

- Imagine que Ney Latorraca seja eleito prefeito do Rio, quais as primeiras medidas do seu governo?

- Minhas primeiras medidas seriam iluminar a cidade, como fizeram com NY, segurança, ruas conservadas, transporte de nível para todos, melhores salários, principalmente para os bombeiros, policiais, professores e médicos.

- Você sempre caminha pelo entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas. Como vê o contato com o público no seu dia-a-dia?

- Ando todo dia por ali. Sou praticamente confundido com as garças, os passarinhos, os quero-queros e as capivaras, que se foram. Meu termômetro é a Lagoa, sou íntimo dos funcionários da Comlurb (geniais!). Quando passam no caminhão, gritam: Oi, seu Neyla! Íntimos. Depois do Eike Batista sou o mais popular da Lagoa.

- O que acha de ser fotografado por paparazzi em momentos de sua vida particular?

- Na minha vida particular ninguém entra. Minha casa não é cenário para matérias. Ela é linda, cheirosa e aconchegante para mim e poucos amigos. Não gosto de receber, meu ninho é meu. Agora, em lugares públicos, não tem problema, não sou tenso e eles me respeitam.

- Você também está de volta ao cinema no longa-metragem "O Gerente", dirigido por Paulo César Saraceni. Nos conte sobre esse projeto.

-Trabalhar com Paulo César Saraceni depois de 30 anos (“Anchieta – José do Brasil”) é uma das melhores coisas que poderiam ter me acontecido. O filme é baseado em um conto do Carlos Drummond de Andrade, e eu interpreto o protagonista. Aliás, pela visão do Paulo, eu sou protagonista sempre. O filme tem uma equipe técnica e atores geniais. Já vi o longa e acho o melhor trabalho do Saraceni. Os figurinos são da Marília Carneiro e Karla Monteiro; fotografia do Saldanha; direção de arte do Alexandre Meier; cenografia da Heloisa Stockler e música do João Gilberto. No elenco: Nelson Xavier, Anna Maria Nascimento Silva, Paulo César Peréio, Othon Bastos, Joana Fomm, Edi Botelho, Letícia Spiller, Djin Sganzerla, Simone Spoladore, Adriana Bombom e Thalma de Freitas. O Paulo está, sem dúvida, entre os maiores cineastas do país.

- Você imortalizou o personagem Barbosa, na TV Pirata, programa de humor precursor dessa nova safra. O que você acha de Pânico na TV, CQC, Legendários e Zorra Total?

- Sou um admirador dos nossos comediantes. Casseta e Planeta, Zorra Total, A Grande Família, A Praça é Nossa e o CQC, que está chegando com tudo. A renovação é sempre saudável. Tem lugar para todo mundo.

- Você tem histórias maravilhosas de vida profissional para contar. Pretende escrever um livro?

- Tenho três livros publicados contando minhas histórias: Bastidores, do Simão Koury; Muito além do script, de Lúcia Rito; Ney Latorraca, uma celebração, de Tania Carvalho.

- O que você acha da nova safra de atores da TV?

- Uma classe artística que tem Alinne Moraes não precisa dizer mais nada. Atualmente, ela é a melhor atriz do país. Dá um banho e, além do mais, é minha amiga e tem caráter. Todos os prêmios para Alinne, minha estrela! Às vezes, vale a pena uma carreira por existir Alinne Moraes. Para não ter clima e ninguém ficar magoado, estou cercado dos melhores e mais talentosos artistas em SOS Emergência. E viva o Maurinho, diretor talentoso, meu Walter Avancini. Eu mereço! E o público, agradece. Tenho certeza!

Salve, mestre Ney Latorraca!

colunaheloisatolipan@gmail.com