Imbróglio do Horto vira disputa política, inclusive dentro do TCU

Por IGOR MELLO

O julgamento da questão da regularização fundiária da comunidade do Horto, inserida na área do Jardim Botânico, ganhou ares disputa política e respingou até mesmo nos próprios ministros do Tribunal de Contas da União (TCU), nesta quarta-feira (8).

O relator, Valmir Campello, votou pela remoção das famílias que não obtiveram na Justiça o direito a permanecer onde estão. O ministro Walton Alencar Rodrigues o acompanhou na decisão. O julgamento, porém, foi interrompido por conta do pedido de vista do ministro José Múcio Monteiro Filho, um ex-deputado.

Para Alfredo Piragibe, ex-presidente da Associação de Moradores do Jardim Botânico (AmaJB) e candidato à vice-prefeito pelo PV, a atitude do ministro José Múcio tem um viés político. Resultaria da pressão que está sendo feita pelo deputado federal Édson Santos (PT-RJ), ex-ministro do governo Lula.

"No TCU, o ministro que pediu vista declarou que era amigo de um morador irregular, que já foi ministro. Não conheço nenhum outro ex-ministro morador do Horto, só o Édson. É uma pressão política muito grande, José Múcio deveria se dar por impedido", afirma Piragibe que, à frente da AmaJB, notabilizou-se  pela luta contra a ocupação do Horto. Para ele, o pedido de vista tem como objetivo protelar o julgamento.

Na outra trincheira, Emília Maria de Souza, presidente da Associação de Moradores do Horto (Amahor) e irmã de Édson Santos, diz que é Piragibe, com Aspásia Camargo a tiracolo, quem tenta capitalizar a disputa politicamente:

"Já esperávamos que houvesse alguma pretensão política por trás das investidas preconceituosas do Alfredo contra os moradores da comunidade. Na verdade, ele usou a AmaJB de forma vergonhosa, como instrumento para sua ascenção política", acusou.

Segundo denuncia, a direção do Jardim Botânico, embora indicada pelo PT, está "sendo aparelhada pelo PV nessa eleição".