Artista perfeita, casa de show amadora

Por Marcelo Auler

Com o show “Verdade Uma Ilusão”, que estreou no Rio na quinta-feira (23) e já teve prorrogada a temporada até dia 16 de setembro, Marisa Monte firma-se como uma das melhores artistas brasileiras contemporâneas.

O show é perfeito em quase tudo. No repertório não há o que se discutir, pois como compositora ela presenteia seu público com letras e músicas fenomenais, quer quando recomenda “vai sem direção, vai ser livre.....”, ou mesmo quando lamenta o fim de um relacionamento nos versos de Depois.

A interpretação das músicas, as pequenas e pontuais introduções/confissões antes de algumas canções, sua presença no palco, somada ao profissionalismo dos músicos que a acompanham e dos fantásticos efeitos da iluminação e das projeções de obras de artistas plástico brasileiros colocam a cantora e o show em um plano que poucos profissionais hoje em dia atingem. Ela está imbatível.

O senão fica por conta do amadorismo tanto da casa de show – Vivo Rio – como de parte da plateia, que não se sabe se vai lá assisti-la ou com apenas com a intenção de mostrar que esteve por lá.

A Vivo Rio derruba todo o profissionalismo da artista e da produção do show quando insiste, em nome da ganância do faturamento, em manter o serviço de atendimento às mesas após iniciada a apresentação. É um vai e vem de garçons e garçonetes espremendo-se entre os apertados corredores em um total desrespeito a quem pagou para ouvir um show e se vê impedido de assisti-lo em paz.

Ao lado disto, o péssimo hábito de parte da plateia de registrar em fotos e filmagens sua presença e a de seus acompanhantes no show atrapalham sobremaneira. Principalmente porque isto não é feito em silêncio. É um público que não se satisfaz em ouvir Marisa Monte, mas é movido por um desejo de mostrar que ali esteve. Com isto, deixa de dedicar a devida atenção que a cantora merece, além de desrespeitar os demais presentes.

Quanto ao público, a cantora e os produtores do show pouco podem fazer. Não há como educá-lo. Mas ela bem que poderia exigir da Vivo Rio um pouco mais de respeito com quem paga caro para ouvi-la e acaba prejudicado pela ganância comercial.