Posição do governo pode minar a pouca fé na democracia afegã

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Previsão mais catastrófica diz que o novo Parlamento será muito mais corrupto que o anterior Insatifeitos, os perdedores pressionaram autoridades eleitorais e o presidente Karzai para que reavaliassem alguns candidatos ou até anulassem o pleito.

Na última quarta-feira, dia do anúncio dos resultados, Mohammed Ishaq Aloko, procurador-geral do Afeganistão, criticou as Nações Unidas por endossar a eleição. Através de comunicado, criticou o ato de “prematuro”, que consideram “uma enorme tragédia para o país e o atual governo democrático”.

Sem uma clara indicação do que Aloko quer, essa situação levanta uma possibilidade de o governo querer precipitar uma crise institucional. O procurador já acusou duas autoridades eleitorais de difamar o país com o resultado.

A ONU respondeu que o processo foi justo e elogiou o trabalho das comissões eleitorais afegãs. Para a organização, este foi um “passo significativo” para melhorar a democracia do país.

Província chave O grande desafio do governo deve conter disposição política e ter o objetivo de influenciar, em parte, uma decisão sobre o resultado contestado em Ghazni.

Mas, ao levantar dúvidas sobre a integridade do processo eleitoral (palavras do procurador-geral, que é indicado pelo presidente), a posição do governo pode minar a já reduzida fé que os afegãos têm nas frágeis instituições democráticas. Nas eleições, Ghazni sofreu com uma revolta talibã. A insegurança impediu que muitos votassem, exceto alguns em áreas pashtuns, etnia do presidente Hamid Karzai.

Os apoiadores de Karzai pedem a suspensão ou desconsideração dos votos na província.

Assim, a província continuaria representada por seis pashtuns e cinco hazaras. O resultado deve sair esta semana.

Novo cenário Um diplomata da Otan em Cabul adiantou que Karzai talvez tenha posição tão forte no novo Parlamento quanto no antigo.

Nadir Naderi, presidente da Free and Fair Election Foundation do Afeganistão, grupo de monitoramento de eleições, esperava que o novo Parlamento saísse rachado.

Mir Joyenda, candidato que perdeu e que trabalhava com questões da sociedade civil como independente, previu algo desanimador. Para ele, o próximo Parlamento será ainda mais vulnerável à corrupção.

– No Parlamento anterior, se alguém gastava US$ 1 mil para conseguir um voto para um ministro, agora, terá que gastar US$ 10 mil ou US$ 20 mil, porque as pessoas gastam muito para serem eleitas e precisam dar o retorno.