Confronto na fronteira da Venezuela deixa mortos e feridos
Duas pessoas morreram e 15 ficaram feridas em um confronto entre indígenas e militares venezuelanos nesta sexta-feira no estado de Bólivar, na fronteira com o Brasil, quando tentavam manter aberta uma estrada para a entrada de ajuda humanitária, informou uma ONG de defesa dos direitos humanos.
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"Uma mulher indígena e seu marido morreram e ao menos outros 15 membros da comunidade indígena do município Gran Sabana ficaram feridos após a investida de um comboio da Guarda Nacional", informou à AFP a ONG Kapé Kapé. Os mortes seriam Zorayda Rodriguez, de 42 anos, e seu marido Rolando García.
Membros da comunidade indígena da etnia pemone tentaram impedir que um comboio militar avançasse em direção à fronteira com o Brasil para bloqueá-la, no dia seguinte ao anúncio feito pelo presidente Nicolás Maduro sobre o fechamento por conta de eventuais "provocações" com a ajuda humanitária.
O líder opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino por 50 países, determinou o próximo sábado para a entrada de remédios e alimentos, a maior parte enviada pelos Estados Unidos para centros de armazenamento na Colômbia, Brasil e a ilha de Curaçao.
Guaidó denunciou no Twitter que dois efetivos militares dispararam "contra pemones que estavam no posto de controle da fronteira", e ordenou aos soldados que se entregassem.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, condenou "energicamente" o ataque contra a comunidade. "Exigimos o fim dos ataques contra as populações", segundo um comunicado postado no Twitter.
O senador americano Marco Rubio, outro feroz opositor de Maduro, também repercutiu o incidente e disse que havia indígenas feridos.
A cúpula das Forças Armadas venezuelanas, que mantém sua "lealade irretricta" a Maduro, declarou que está em "alerta" nas áreas fronteriças para impedir "violação" do território do país.
Guaidó está em Táchira (na fronteira com a Colômbia) para liberar a operação de entrada da ajuda, e até o momento não apareceu em público.
Maduro ordenou também a suspensão de voos e saída barcos para Curaçao, acusando as autoridades de dar voz às "provocações" para desestabilizar a Venezuela.
Segundo o governo, a ajuda humanitária é um "show" para promover uma invasão dos Estados Unidos.