Colômbia recua em operação de ajuda à Venezuela após repressão de Maduro
O governo colombiano informou neste sábado (23) que 285 pessoas ficaram feridas na repressão ordenada pelo "regime" de Nicolás Maduro para impedir a entrada de ajuda à Venezuela e determinou a volta de caminhões com ajuda humanitária.
"Esta ação pacífica e de caráter humanitário foi interrompida a partir da Venezuela sob o regime usurpador de Maduro com uma repressão violenta e desproporcional", disse o chanceler Carlos Holmes Trujillo em declaração à imprensa.
Segundo ele, há "285 feridos - 255 venezuelanos e 30 colombianos - "por efeitos de [bombas] de gás lacrimogêneo e uso de armas não convencionais".
Diante disto, "dispôs-se o retorno dos caminhões para proteger a ajuda com excepção dos caminhões que tinham medicamentos que foram queimados em território venezuelano", afirmou Holmes Trujillo.
Oito veículos de carga tinham partido cedo da ponte de Tienditas, principal centro de armazenamento dos alimentos e insumos médicos enviados pelos Estados Unidos e seus aliados para mitigar a severa crise na Venezuela.
A ajuda é coordenada no lado colombiano da fronteira pelo opositor Juan Guaidó, reconhecido por meia centena de países como presidente interino da Venezuela.
Dois dos caminhões foram incendiados quando tentaram cruzar a fronteira para a Venezuela pela ponte Francisco de Paula Santander e outro teve que ser descarregado pois corria o mesmo risco, detalhou o ministro da Defesa, sem informar o destino da carga.
Os outros veículos voltaram para os armazéns.
"Os caminhões que voltaram foram descarregados (...) e ficarão aqui pelo tempo que for necessário" até que o governo "do presidente Guaidó volte a solicitá-lo", indicou Eduardo González, encarregado da entidade de gestão de riscos.
Durante o dia, foram registrados fortes distúrbios nas fronteiras entre a Venezuela com Brasil e Colômbia, cujo fechamento foi determinado pelo governo de Maduro.
O presidente se opõe à entrada de ajuda por considerá-la uma operação encoberta dos Estados Unidos para invadir militarmente a Venezuela.
Em meio à forte escalada de tensões, o governo do presidente colombiano, Iván Duque, informou que "mais de sessenta membros das forças de segurança" venezuelanas desertaram e foram para a Colômbia.