Chuvas assolam comunidades de Moçambique já atingidas por ciclone
Chuvas torrenciais atingiram o norte de Moçambique nesta terça-feira, cancelando voos e inundando ainda mais uma região onde um segundo ciclone em seis semanas matou ao menos 41 pessoas.
O ciclone Kenneth atingiu a província moçambicana de Cabo Delgado na quinta-feira com ventos de até 280 quilômetros por hora, arrasando vilarejos, destruindo plantações e transformando ruas da cidade portuária de Pemba, que margeia o Oceano Índico, em rios furiosos.
Ele veio na esteira do ciclone Idai, que se abateu no mês passado mais ao sul, destruiu o porto de Beira e matou mais de mil pessoas em Moçambique, Zimbábue e Maláui.
As chuvas intensas desta terça-feira incharam rios já transbordantes e interromperam as operações de ajuda pelo terceiro dia. Só alguns voos puderam decolar de manhã, o que significa que algumas das comunidades mais afetadas continuam isoladas e com poucos suprimentos.
O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA) disse estar particularmente preocupado com as pessoas na ilha de Ibo, que têm pouca comida e estão vivendo a céu aberto desde que a maioria das casas foi destruída.
"Para nós, é um dia frustrante... não há muito que possamos fazer para chegar a estas ilhas agora", disse a porta-voz do PMA, Deborah Nguyen.
Mais inundações podem ocorrer, com milhares de pessoas vivendo em áreas ameaçadas. Em Pemba, 35 mil moradias foram destruídas total ou parcialmente, disseram autoridades. Fora da cidade, as lavouras foram arrasadas e moradores dos vilarejos atravessavam campos alagados com madeira, espigas de milho e outros produtos sobre as cabeças.
O saldo de mortes confirmado do ciclone Kenneth subiu nesta terça-feira de 38 para 41, disse um porta-voz do Conselho de Ministros em uma coletiva de imprensa na capital Maputo.
É provável que esse número aumente à medida que as autoridades alcançarem todas as áreas afetadas.
A prefeita de Pemba, Florete Matarua, disse ao canal local STV que um deslizamento de terra em um depósito de lixo ocorrido no domingo matou ao menos cinco pessoas, o que pode elevar o saldo de mortes.
Todas eram integrantes de uma mesma família, e várias outras casas também foram soterradas, noticiou a rede STV.
O Kenneth matou quatro pessoas em Comores, ilha-nação no Oceano Índico mais ao norte, antes de seguir para Moçambique, o primeiro registro de duas tempestades fortes a atingirem o país sul-africano em um espaço de tempo tão curto.