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Preso de Guantánamo fala pela 1ª vez a tribunal sobre torturas e métodos de investigação da CIA
Por JORNAL DO BRASIL
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Publicado em 29/10/2021 às 08:43
Alterado em 29/10/2021 às 08:47
Majid Khan, de 41 anos, disse ao júri que foi torturado por investigadores em instalações clandestinas da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês), informou a AP com referência a um vídeo da audiência.
Ele foi pendurado nu em uma viga do teto por vários dias, encharcado com água gelada, impedido de adormecer, sem comer, espancado e estuprado. Tudo isso aconteceu em várias prisões estrangeiras, cuja localização não foi divulgada.
"Pensei que morreria", disse Khan durante a audiência.
Esta foi a primeira vez que um "prisioneiro particularmente importante" de Guantánamo teve oportunidade de falar sobre o sistema do chamado "interrogatório reforçado" perante o tribunal, segundo a AP.
"Eu implorava que parassem e jurava que não sabia de nada", afirmou Khan. "Se eu tivesse informações para dar, já as teria dado, mas não tinha nada para dar."
Khan admitiu que era um mensageiro da Al-Qaeda (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) e que participou do planejamento de várias conspirações que não foram executadas.
Em 2012 ele se declarou culpado de acusações de conspiração e assistência material aos terroristas e concordou em cooperar com a investigação, incluindo contra cinco presos de Guantánamo que foram acusados de fornecer apoio logístico para o ataque de 11 de setembro de 2001.
"Quanto mais eu cooperava e falava, mais era torturado", declarou Khan.
Um grupo de militares condenou-o a uma pena de 25 a 40 anos de prisão, de acordo com a agência. No entanto, por ter o acordo com a investigação, o prazo será reduzido para 11 anos e ele receberá crédito por seu tempo sob custódia desde 2012, conforme a AP.
Isso significa que Khan deve ser libertado no próximo ano, indo para um terceiro país, porque não pode voltar ao Paquistão onde tem cidadania.
Alegações de torturas em Guantánamo
A prisão para terroristas internacionais na base de Guantánamo foi estabelecida após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
Anteriormente, os representantes de várias organizações internacionais, incluindo especialistas da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa e da Organização das Nações Unidas, apelaram à nova administração dos EUA para fecharem imediatamente a prisão devido ao fato de muitos presos serem mantidos sem julgamento e serem torturados.
Atualmente há 39 presos em Guantánamo, 11 deles foram acusados de crimes de guerra. 28 prisioneiros são considerados privados de liberdade por tempo indeterminado. (com agência Sputnik Brasil)