'O tempo está acabando', diz Papa sobre crise climática
Francisco alertou que COP26 não deve ser desperdiçada
O papa Francisco enviou uma carta aos católicos da Escócia e alertou que o tempo para enfrentar a crise climática "está acabando".
O documento foi divulgado pelo Vaticano nesta quinta-feira (11), véspera do encerramento da COP26, que acontece em Glasgow, maior cidade escocesa.
"Como vocês sabem, eu esperava participar da COP26 em Glasgow e passar algum tempo, ainda que breve, com vocês. Lamento que isso não tenha se provado possível", escreveu o pontífice.
Segundo o Papa, a cúpula climática de 2021 busca enfrentar um dos "grandes temas morais de nosso tempo: a preservação da criação divina, dada a nós como um jardim a ser cultivado e como um lar comum para nossa família humana".
"Vamos implorar pelos dons divinos de sabedoria e força para aqueles encarregados de guiar a comunidade internacional enquanto eles tentam enfrentar esse grave desafio com decisões concretas inspiradas pela responsabilidade em relação às gerações presentes e futuras. O tempo está acabando, e essa ocasião não deve ser desperdiçada", acrescentou.
A COP26 termina nesta sexta-feira (12), mas os quase 200 países participantes ainda não chegaram a um acordo sobre alguns dos pontos mais delicados das tratativas, como o aumento das ambições nacionais e a regulamentação do mercado de créditos de carbono.
Um rascunho do documento conclusivo da cúpula alerta que a ação humana já causou um aumento de 1,1ºC na temperatura média global em relação aos níveis pré-industriais, porém avança pouco em relação ao Acordo de Paris.
No tratado de 2015, os países se comprometeram a manter o aquecimento global neste século "bem abaixo" de 2ºC, promessa que está mantida no rascunho da conclusão da COP26, porém com o acréscimo de que são necessários "esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais".
O texto "reconhece que os impactos das mudanças climáticas serão muito menores com um aumento de 1,5ºC do que com 2ºC" e cobra ações "significativas e eficazes de todas as partes nesta década crítica" para conter o aquecimento global.
"Limitar o aquecimento global a 1,5ºC até 2100 exige reduções rápidas, profundas e sustentáveis nas emissões globais de gases do efeito estufa, incluindo a redução de 45% nas emissões globais de dióxido de carbono [CO2] até 2030, em relação ao nível de 2010, e zerar as emissões líquidas até a metade do século", diz o rascunho.
O documento também pede que os signatários do Acordo de Paris fortaleçam suas metas ambientais nacionais e os "exorta" a "acelerar a eliminação progressiva do carvão e dos subsídios aos combustíveis fósseis".(com agência Ansa)