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Líder ortodoxo critica patriarca russo por dar 'bênção' a guerra
Por JORNAL DO BRASIL
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Publicado em 29/08/2022 às 15:40
Alterado em 29/08/2022 às 15:40

O patriarca de Constaninopla, Bartolomeu, considerado um "guia supremo" de todos os cristãos ortodoxos, voltou a fazer críticas nesta segunda-feira (29) contra o primaz da Igreja Ortodoxa da Rússia, Cirilo, por sua "bênção" à guerra iniciada por Moscou na Ucrânia.
"Expressei a posição do Patriarcado ecumênico desde o início dessa guerra dolorosa, que é injustificada e inaceitável. Sua beatitude, o patriarca de Moscou, disse que se tratava de uma guerra santa e tentou justificar e explicá-la em termos espirituais e religiosos. Mas, me permiti corrigi-lo e dizer que não é uma guerra santa, mas uma guerra perversa e malvada", disse Bartolomeu durante uma coletiva que foi repercutida pelo portal "Orthodox Times".
"Quando milhares de novos soldados são mortos de ambos os lados, e não só soldados, mas também civis, como podemos abençoar essa guerra com as duas mãos, como infelizmente fez o beato patriarca de Moscou?", apontou ainda.
Para Bartolomeu, a Rússia poderia ter escolhido um outro caminho para resolver os seus problemas com a Ucrânia, mas "escolheu a pior estrada possível". "Queremos que essa guerra termine uma hora antes do previsto e para que as potências ocidentais ajudem a persuadir a Rússia", pontuou ainda.
Cirilo acabou dividindo o mundo ortodoxo por conta de sua postura pró-Vladimir Putin, de quem se tornou muito próximo nos últimos anos. Por diversas vezes, o líder religioso repetiu falas do governo de Moscou em defesa da guerra e atacando os ucranianos e os países ocidentais.
A postura do patriarca de Moscou foi repreendida até mesmo internamente, com centenas de sacerdotes ortodoxos russos publicando um documento formal em que criticavam a guerra em curso e pedindo que Cirilo mudasse sua postura.
Além disso, a decisão do primaz ortodoxo afastou a possibilidade de um segundo encontro entre ele e o papa Francisco para este ano, já que o chefe da Igreja Católica sempre foi um crítico ferrenho do conflito. Em uma entrevista, o pontífice chegou a dizer que Cirilo "não poderia ser um coroinha de Putin". (com agência Ansa)