Igreja de Portugal aponta mais de 4,8 mil vítimas de abusos

Comissão independente analisou denúncias a partir de 1950

Por JB INTERNACIONAL

Populares assistem à procissão do Senhor dos Passos da Graça, tradição com 432 anos, em Lisboa, Portugal, a 17 de março de 2019. A procissão católica relembra o caminho percorrido por Jesus Cristo desde a sua condenação à morte até ao seu sepultamento (arquivo)

Uma investigação independente sobre abusos sexuais contra menores por parte de membros do clero católico em Portugal revelou ao menos 4.815 vítimas desde 1950, apontou o relatório final divulgado nesta segunda-feira (13). A análise foi encomendada pela própria Igreja Católica local.

Até outubro do ano passado, a comissão ouviu cerca de 500 pessoas que relataram abusos e que acabaram revelando centenas de outros casos em "situações sérias que persistiram por décadas... e em alguns casos atingiram proporções epidêmicas", diz o documento. "Esses testemunhos nos permitem encontrar uma rede de vítimas muito mais ampla, calculada no número mínimo de 4.815", disse o coordenador da comissão, o psiquiatra Pedro Strecht, que aponta tanto meninos como meninas vítimas.

A investigação é mais uma a ser realizada dentro da Igreja Católica, como ocorreu nos casos de França, Austrália, Irlanda e Alemanha. Além disso, o relatório é apresentado antes da visita do papa Francisco ao país, que ocorrerá em agosto desse ano.

Desde que assumiu o pontificado, em 2013, o líder católico instituiu a Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores para acompanhar e reagir a casos como esse. O órgão conta com membros religiosos e especialistas laicos e se comprometeu a divulgar anualmente um relatório sobre as igrejas que combatem abusos e as que precisam melhorar.

Nesta segunda-feira, inclusive, o Papa recebeu no Vaticano a professora, médica e teóloga francesa Marie-Jo Thiel, uma das maiores especialistas europeias na questão da luta contra os abusos por parte do clero. (com agência Ansa)