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Lula nega ter igualado culpa de Rússia e Ucrânia na guerra e cobra nova governança para conter aquecimento global

Presidente vinha dizendo que tanto Rússia quanto Ucrânia eram responsáveis pela guerra

Por GABRIEL MANSUR
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Publicado em 22/04/2023 às 15:03

Alterado em 22/04/2023 às 17:43

Lula e Marcelo Rebelo Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, neste sábado (22), durante uma visita diplomática a Portugal, que nunca igualou as responsabilidades de Rússia e Ucrânia ao comentar sobre a guerra no leste europeu, que já dura mais de um ano. O petista foi novamente cobrado se mantém a opinião de que Estados Unidos e União Europeia, Portugal incluso, também são responsáveis pelo conflito.

Em declaração à imprensa no Palácio de Belém, em Lisboa, o presidente reforçou que a posição brasileira, de condenação à invasão da Ucrânia pela Rússia, já foi expressada na Organização das Nações Unidas (ONU), e repetiu que, "quem não fala em paz, contribui para a guerra".

"Eu nunca igualei os dois países, porque eu sei o que é invasão, eu sei o que é integridade territorial. Todos nós achamos que a Rússia errou. E já condenamos em todas as decisões da ONU. Mas a guerra já começou e é preciso parar a guerra. E para parar a guerra, tem que ter alguém que converse e o Brasil está disposto", disse o petista em Portugal.

O presidente também reiterou o apoio do governo brasileiro a uma solução negociada para a paz.

“Ao mesmo tempo em que meu governo condena a violação à integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada para o conflito. Precisamos criar urgentemente um grupo de países que tentem sentar-se à mesa tanto com a Ucrânia como com a Rússia para encontrar a paz”, disse Lula.

Em contraposição a Lula, o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou a necessidade da retirada imediata das forças armadas russas do território ucraniano como condição fundamental para ser possível encontrar uma reparação ao povo que sofreu a agressão, mas também como ponto de partida para a construção de uma paz duradoura.

 

Se um não quer, dois não brigam

Durante o discurso, Lula afirmou que, no momento, nem Rússia, nem Ucrânia querem parar a guerra. O petista disse ainda que não vai visitar a nenhum dos dois países enquanto não houver um clima de construção de paz.

"No caso da guerra, a Rússia não quer parar, a Ucrânia não quer parar [...]. É melhor encontrar uma saída em uma mesa do que continuar tentando encontrar uma saída no campo de batalha", declarou.

Na entrevista, ao lado do presidente de Portugal, o petista foi questionado por uma jornalista portuguesa se mantinha a posição de que a União Europeia está contribuindo para a guerra na Ucrânia. Lula, então, afirmou que quem não fala em paz contribui para a guerra.

Como exemplo, lembrou que a Alemanha pediu ao Brasil armamentos para fornecer a aliados da Ucrânia e o Brasil recusou. Desse modo, criticou indiretamente os países europeus que, segundo ele, em vez de buscar o diálogo, estimulam o conflito abastecendo-o com armamentos, munições e forças militares. As declarações geraram incômodo em países europeus e no norte-americano. Os EUA consideraram que Lula estava reproduzindo visões russa e chinesa sobre a guerra.

“Veja, se você não fala em paz, você contribui para a guerra. Eu vou te contar um caso: o chanceler Olaf Scholz foi pedir ao Brasil que vendesse mísseis para que ele doasse à Ucrânia. O Brasil se recusou a vender, porque se a gente vendesse o Brasil estaria na guerra. E o Brasil não quer participar da guerra. O Brasil quer construir a paz”, declarou o presidente Lula.

 

Governança global

Na questão ambiental, Lula defendeu o esforço pela formação de uma nova governança global que comece a exigir dos países, sobretudo os mais desenvolvidos, o cumprimento dos diversos acordos do clima já celebrados. E citou compromissos de redução de emissões de gases de efeitos estufa para conter o aquecimento global jamais respeitados.

“Se você não tiver uma governança forte para exigir o cumprimento das decisões, a gente só vai a reuniões e toma decisões. E no ano seguinte a gente faz outra reunião, toma outras decisões, e no seguinte faz outra, e as decisões nunca entram em vigor. A COP de Copenhague (COP 15, em 2009) ou o Acordo de Paris (2015) até hoje não foram colocados em prática. O Protocolo de Quioto (1997) nunca foi”, observou.

 

Visita oficial

Mais cedo, Lula participou da cerimônia de boas-vindas na Praça do Império, em frente ao Mosteiro do Jerônimo, e da deposição de flores junto ao túmulo do poeta português Luís de Camões, no interior do mosteiro. Na sequência, Lula teve encontro bilateral com o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém.

Ele também se reunirá com o primeiro-ministro Antônio Costa e, ainda neste sábado (22), ocorrerá a 13ª Cúpula Luso-Brasileira, no Centro Cultural de Belém, com a assinatura dos acordos bilaterais.

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