Thomas Robb, líder da organização supremacista Ku Klux Klan, morre nos EUA

KKK defende a superioridade da raça branca e busca promover o nacionalismo branco; Conhecido por suas visões extremistas, Robb esteve envolvido em vários grupos de ódio ao longo da vida

Por GABRIEL MANSUR

Thomas Robb

Thomas Robb, líder da maior organização terrorista e supremacista dos Estados Unidos, a Ku Klux Klan, morreu nesta quinta-feira (20), aos 77 anos, na cidade de Zinc, no estado de Arkansas. A família pediu privacidade e não revelou a causa da morte do pastor do Centro de Avivamento Cristão.

A associação criminosa, fundada originalmente após a Guerra Civil, em 1865, é reconhecida internacionalmente por perseguir e matar negros e imigrantes nos Estados Unidos.

Membro do grupo extremista desde 1989, Robb mudou o nome da KKK para "The Knights Party", em busca do apoio da população. Sob a liderança de Robb, o grupo tornou-se cada vez mais ativo na promoção do nacionalismo branco e esteve envolvido em vários crimes de ódio de alto nível. O diretor costumava dar declarações racistas que corroboram o viés supremacista do grupo.

Em 2008, ano em que Barack Obama foi eleito à Presidência pela primeira vez, Robb polemizou ao afirmar que o democrata “não era negro” porque havia sido criado exclusivamente por sua mãe, que é uma norte-americana branca. Robb afirmou ainda que o pai de Obama (de Quênia) "fez o que é muito comum entre os homens negros (…), os abandonou”, disse à época.

Em 1996, o supremacista disseminou a ideia do "racismo reverso" nos EUA, visto que, segundo ele, "as pessoas brancas estariam sofrendo um genocídio". O assunto foi amplamente debatido pela mídia estadunidense. O ex-líder também causou revolta ao dizer no documentário PBS Banished que o capuz usado pelos membros da KKK era uma espécie de "gravata de um empresário", afirmando ser "uma tradição".

 

Quem foi Thomas Robb?

Para quem não sabe, Robb era o chefe de uma das poucas organizações ainda ativas da Klan, "Knights of KKK", desde 1989. Tendo sido ligado a um dos cultos e ideologias mais notórios conhecidos em todo o mundo, Thomas repetidamente levantou polêmicas com seus comentários racistas e antissemitas.

Nascido em 1946, ele assumiu o papel de liderança da infame organização depois que o chefe original, David Duke, saiu no meio dos anos 80. Foi relatado que, como Duke, Robb buscou uma abordagem convencional e até escolheu um novo nome, "The Knights Party", para os "Cavaleiros da Ku Klux Klan". Além disso, Robb escolheu se tornar o diretor nacional da organização, ao contrário de Duke, que detinha o título tradicional de "Mago Imperial".

Thomas Robb se concentrou em abandonar muitas tradições da KKK em uma tentativa de tornar a imagem da Klan "mais gentil", o que também levou muitos membros originários a se separarem da organização.

No entanto, ele também manteve proximidade com grupos de extrema-direita, seja falando no "Congresso Mundial" anual da Nação Ariana, contribuindo para o fórum da Internet Stormfront (nacionalista branco), ou até mesmo aparecendo em outro supremacista branco, a Rede de Rádio Voice of Reason, de Jamie Kelso.

A igreja em que pastoreava, no Arkansas, adotou a teologia da identidade cristã que apoia o racismo e o antissemitismo. Robb ainda defendia que "os povos anglo-saxões, germânicos, escandinavos e parentes são o povo da Bíblia".