Papa critica conformismo em encontro com clero húngaro

Líder católico ainda se emocionou com fala de padre

Por JB INTERNACIONAL

Papa se reuniu com clero húngaro

Em seu último compromisso desta sexta-feira (28) em Budapeste, o papa Francisco criticou o "derrotismo catastrófico e o conformismo" durante um encontro com o clero húngaro na Cocatedral de Santo Estêvão.

"Essas são duas interpretações - quero dizer as duas tentações - das quais sempre devemos nos proteger como Igreja. Uma leitura catastrófica da história presente, que nutre-se da desfaçatez de quem repete que tudo está perdido, que não há mais os valores de antigamente, que não sabe-se onde o mundo vai parar.

E depois há o outro risco, aquele da leitura ingênua do nosso tempo, que funda-se na comodidade do conformismo e que faz acreditar que tudo está bem, que o mundo mudou e é preciso adaptar-se", começou falando.

Segundo o pontífice, "contra o derrotismo catastrófico e o conformismo mundano" é preciso olhar o Evangelho que sempre "dá a graça do discernimento para entrar no nosso tempo com um comportamento acolhedor, mas também com espírito profético".

"É preciso aprender a reconhecer os sinais da presença de Deus na realidade, também onde ela não parece estar explicitamente marcada pelo espírito cristão e nos vem de encontro o caráter do desafio ou de interrogação. Trata-se da interpretação à luz do Evangelho sem se mundanizar, mas ser como anunciantes e testemunhas da profecia cristão. Fiquem atentos ao mundanismo: tornar-se mundano é talvez a pior coisa que pode acontecer a uma comunidade cristã", acrescentou.

O líder católico ainda afirmou que Igreja com a qual "devemos sonhar" é aquela que é capaz "de escutar, dialogar e de ter atenção aos mais fracos e que acolhe todos e é corajosa de levar o Evangelho para todo o mundo".

 

Padre irmão de mártir

Um dos momentos de maior comoção do Papa foi durante a fala do padre József Brenner, sacerdote da diocese de Szombathely e irmão do beato János Brenner, morto durante as perseguições do regime comunista no país. Em 2018, o húngaro foi declarado beato pelo próprio Francisco.

"Santo Padre, acolho-o em nome do clero e seja bem-vindo. Sempre fomos fiéis à Igreja que nós precisamos vivenciar na Segunda Guerra Mundial. Precisamos fugir e sofremos por décadas as perseguições do comunismo. Sou sacerdote há 66 anos e estamos aqui rezando por duas importantes intenções: para as boas famílias cristãs e para as boas vocações sacerdotais", afirmou.

Brenner contou a história de sua família, sempre ligada à Igreja Católica, e a honra que sentia ao ver o pontífice em seu país. (com Ansa).