Exército Mehdi sai às ruas de Basra após morte de líder da milícia
Agência EFE
BAGDÁ - Integrantes do Exército Mehdi, milícia do clérigo xiita Moqtada al-Sadr, tomaram nesta sexta-feira as ruas de Basra após serem informados do assassinato do comandante do grupo, conhecido como 'Abu Kader', disseram fontes xiitas.
Os milicianos 'sadaristas' ocuparam as ruas da cidade e a tensão era perceptível em toda a cidade, a segunda maior do Iraque e capital do sul xiita.
O comandante, cujo nome real é Wisam al-Waeli, foi morto a tiros por uma força conjunta dos Exércitos britânico e iraquiano, no centro da cidade, 550 quilômetros ao sul de Bagdá, segundo a Polícia iraquiana. Outros três seguranças de Kader foram mortos no ataque.
Em comunicado, o Exército iraquiano disse que Kader morreu em "operação dirigida contra ele pelas tropas iraquianas', descartando a participação dos britânicos no ataque. A mensagem não esclarece em nenhum momento o que começou o tiroteio.
- Nossa milícia tomou as ruas de Basra após o incidente. Todas as opções estão abertas - disseram os seguidores de Moqtada, referindo-se a uma possível onda de confrontos armados com as tropas britânicas no sul do Iraque após a morte de Abu Kader.
Poucos minutos depois do anúncio da morte do comandante, Hassan Zarqani, um porta-voz de Moqtada al-Sadr, disse à rede de televisão "Al Jazira": 'Esta é uma mensagem ruim enviada pelas tropas britânicas aos sadaristas'.
A morte de Kader ocorreu no mesmo dia da reaparição pública de Moqtada al-Sadr, que passou quatro meses fora do país, refugiado no Irã, disseram colaboradores do líder.
O jovem clérigo de 33 anos falou hoje a centenas de seguidores em um sermão antes das orações de sexta-feira na mesquita de Kufa, 170 quilômetros ao sul de Bagdá.
No discurso, Moqtada pediu novamente a retirada das tropas dos Estados Unidos, chamando o país de 'demônio' e afirmando que os confrontos entre a milícia e as tropas iraquianas só 'servem aos interesses dos ocupantes'.
- Não, não aos EUA; Não, não a Israel; Não, não ao demônio; e não, não ao colonialismo - foram as palavras de ordem de Moqtada, repetidas pelos seguidores.
As milícias de Sadr foram acusadas pelos sunitas de dar apoio aos "Esquadrões da Morte', responsáveis pelo seqüestro e pela morte de milhares de pessoas desde o atentado contra a mesquita de Samarra, em fevereiro de 2006.
A milícia de Moqtada al-Sadr teve duros confrontos com as tropas americanas, especialmente entre abril e setembro de 2004 em Najaf e em Cidade de Sadr, no leste de Bagdá, considerada reduto dos seguidores do clérigo.
O 'Bloco Sadr', partido fiel a Moqtada, tem 30 deputados no Parlamento, uma das maiores bancadas da Aliança Iraquiana Unida, a coalizão que apóia o Governo de Nouri al-Maliki.
Em abril, os cinco ministros do Bloco Sadr abandonaram o Governo de Maliki, o que foi interpretado como sintoma de um crescente distanciamento entre Moqtada e o primeiro-ministro, que até então tinham tido uma sólida aliança.