Crise de refugiados piora em 2007, alerta chefe do Acnur
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NAIRÓBI - O ano passado foi um dos piores para os refugiados do mundo todo e a crise vem piorando em 2007 devido aos conflitos no Iraque, no Afeganistão, na Somália e na região de Darfur (Sudão), afirmou Antonio Guterres, chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
Mas o fato de ter havido um aumento no número de refugiados que regressaram a suas casas no sul do Sudão em 2007 -- alguns depois de mais de duas décadas afastados -- é um ponto positivo nesse cenário nada promissor, afirmou Guterres.
- É um ano ruim para os refugiados do mundo todo. Hoje, há quase 10 milhões de pessoas expulsas de suas casas devido à falta de segurança. E esse número vem aumentando - disse ele em entrevista concedida nesta semana no sul do Sudão.
Segundo as cifras mais recentes disponíveis, o número de refugiados sobre os quais o Acnur tem notícia aumentou, no final de 2006, 14 por cento em relação à cifra registrada um ano antes (de 9,9 milhões).
Essa é a primeira vez desde 2002 que o número de refugiados sobe, e isso se deve especialmente às crises no Oriente Médio, em Darfur e na região do Chifre da África. O Burundi e a República Democrática do Congo também contribuíram para essa elevação.
'Para ser sincero, em muitos casos, os governos deles são parte do problema. E, em muitos casos, a comunidade internacional não tem capacidade nenhuma de ajudá-los. Tenho preocupações muito sérias sobre a forma como as coisas estão caminhando para os refugiados em várias regiões do mundo - afirmou.
Guterres, ex-primeiro-ministro de Portugal, pretendia celebrar na Somália o Dia Mundial dos Refugiados, na quarta-feira. Mas a falta de segurança no país impediu-o de concretizar seus planos.
Ainda assim, o chefe do Acnur revelou estar ansioso para aproveitar a data no sul do Sudão, área onde o órgão conquistou uma pequena vitória.
- Neste ano, estamos dando apoio a uma grande operação para reintegrar ao Sudão sudaneses vindos de vários países da região -- de Uganda à Etiópia, do Quênia à República Democrática do Congo - afirmou Guterres, enquanto acompanhava um grupo de 161 refugiados na fronteira com Uganda.
Em 2007, o Acnur já organizou a repatriação de 35 mil pessoas para o Sudão. No ano passado, esse número foi de 20.996.
- Espero que o modelo adotado no sul do Sudão possa ser aplicado em outros locais. Esperamos que isso aconteça nos locais de conflito do mundo - disse.