Indonésios rejeitam violência islâmica, diz pesquisa
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JACARTA - Apenas 2% dos muçulmanos indonésios consideram que sua religião permite a violência contra não-muçulmanos, segundo pesquisa divulgada na quinta-feira. Mesmo baixa, a cifra preocupa os responsáveis pela pesquisa, já que o país tem 220 milhões de habitantes.
De acordo com a empresa Indo Barometer e o Instituto Wahid, 93% dos muçulmanos da Indonésia -- país com a maior população islâmica do mundo -- consideram que o Islã proíbe a militância violenta.
- A maioria dos muçulmanos disse que o terrorismo, a violência, os atos violentos contra não-muçulmanos e o uso da violência para combater o vício não são permitidos no Islã - afirmou o relatório da pesquisa.
Por outro lado, o levantamento 'mostra que há um grupo de pessoas que poderia potencialmente ser recrutado para usar a violência contra outros em nome da religião'.
Foram ouvidos mil muçulmanos nas 33 províncias indonésias em maio.
O Instituto Wahid foi fundado pelo ex-presidente Abdurrahman Wahid para promover o Islã plural e pacifista. Neste mês, a entidade co-patrocinou uma reunião internacional de líderes religiosos contra os que negam o Holocausto.
A Indonésia é o quarto país mais populoso do mundo, e 85% de seus habitantes seguem o Islã. A ampla maioria tem um comportamento religioso relativamente moderado, mas há uma minoria militante cada vez mais barulhenta e pressão política por mais leis compatíveis com os ensinamentos muçulmanos radicais.
Mais de metade dos entrevistados disse que atentados continuam sendo uma ameaça no país, que nos últimos anos teve vários ataques atribuídos ao grupo regional Jemaah Islamiah (JI), que luta pela criação de um super-Estado islâmico que uniria Indonésia, Malásia, parte das Filipinas e parte da Tailândia.
A Jemaah já teve cooperação com a Al Qaeda na campanha contra o Ocidente, mas nos últimos anos se volta principalmente para as questões do Sudeste Asiático.
A Indonésia prendeu neste mês dois líderes da JI, mas especialistas afirmam que o grupo continua sendo capaz de realizar ataques.
A pesquisa mostrou também que quase 98% consideram que o currículo das 'pesantrens' (internatos religiosos) não é responsável pelas idéias radicais dos militantes.
A Indonésia tem cerca de 14 mil 'pesantrens', uma vasta maioria dos quais são moderados e venerados, tendo educado a elite muçulmana do país.
Eles também formam a espinha dorsal da Nahdlatul Ulama, maior entidade islâmica moderada do país, com 40 milhões de membros, responsável por 12 mil escolas.
Há suspeitas de que algumas dessas escolas incentivem o fundamentalismo, e autoridades indonésias dizem monitorá-las regularmente.
Dois militantes islâmicos, Amrozi e Mukhlas (muitos indonésios não usam sobrenomes), condenados à morte pelo atentado de 2002 contra boates de Bali, estudaram na escola islâmica Al Mukmin, apontada pelo International Crisis Group, de Bruxelas, como a nata da educação para militantes.