Mais de três mil pessoas perticipam da Parada Gay em Jerusalém

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Agência EFE

JERUSALÉM - A Parada do Orgulho Gay, realizada nesta quinta-feira em uma área restrita de Jerusalém, contou com a participação de mais de três mil pessoas, sob a atenta vigilância de sete mil policiais e com a oposição da comunidade ultra-ortodoxa, que não conseguiu sabotá-los.

Apesar das manifestações violentas, do lançamento de pedras e das ameaças por parte da comunidade judaica mais conservadora, os homossexuais e simpatizantes puderam caminhar e se expressar livremente pelas ruas da cidade.

Enquanto os participantes se abraçavam e mostravam alegria por terem conseguido realizar o evento, os grupos de ortodoxos lançavam pedras e rezavam para 'evitar a ira divina', em outro extremo da cidade.

Pouco antes do início da parada, a Polícia prendeu um morador do bairro ortodoxo de Mea Shearim. Ele tinha uma bomba de fabricação caseira que pretendia usar contra a passeata.

Pelo menos 20 religiosos judeus foram detidos por causar distúrbios, segundo a Polícia.

- A parada terminou sem incidentes graves. Conseguimos manter sob controle as manifestações violentas dos grupos ultra-ortodoxos e conseguimos que a manifestação terminasse com sucesso - disse à agência Efe Ilan Franco, chefe da Polícia de Jerusalém.

Homossexuais, lésbicas e simpatizantes da causa gay caminharam pelas ruas de Jerusalém com suas bandeiras, seus balões e cartazes com palavras de ordem como 'Viva a diversidade', 'Jerusalém é a casa de todos' e 'Sim ao amor e não à discriminação'.

Alguns dos manifestantes usaram trajes de musselina e sombrinhas, enquanto a maioria evitou chamar muita atenção para respeitar o caráter sagrado da cidade e os grupos religiosos que nela vivem.

- Viemos até aqui porque achamos que permitir a expressão dos homossexuais é um exemplo de democracia. Não viemos para escandalizar - afirmou Noam Maor, um jovem universitário que carregava a bandeira de Israel nos ombros.

- Gostamos de Jerusalém e achamos que nesta cidade deve haver um lugar para todos: para árabes, religiosos, laicos, homossexuais e lésbicas - acrescentou.

Para garantir a calma, foram fechadas as principais ruas do centro de Jerusalém, enquanto muitos ônibus pararam de circular até que a parada terminasse. Centenas de policiais vigiavam o evento, a pé e nos telhados de alguns edifícios.

Nos últimos dias, em torno de 15 pessoas ficaram feridas nas manifestações de protesto dos ultra-ortodoxos, que consideram que eventos como esse 'contaminam' e agridem o caráter sagrado de Jerusalém.

- Que façam a passeata em qualquer lugar do mundo, mas não em Jerusalém, a cidade santa - disse Yacov Cohen, um jovem chileno que está em Israel para realizar estudos bíblicos.

Sua opinião é compartilhada por Rajel Ausug, uma mulher que se opôs à passeata e que gritava contra a presença dos gays.

- Não quero lançar pedras, mas venho para gritar contra isso. Estou muito triste, porque Jerusalém é uma cidade santa para todos, não só para judeus, mas também para cristãos e muçulmanos. O homossexualismo é algo antinatural, e tenho certeza de que isso vai nos trazer desgraças - afirmou.

Participaram da marcha muitas pessoas que não se consideram homossexuais, mas que são partidários da igualdade da tolerância.

- É importante realizar esse evento na capital de Israel. Essa cidade não deve ser só para os judeus ultra-ortodoxos e para os árabes. As minorias também devem ter um lugar aqui. Há muito ódio entre as pessoas de diferentes grupos. Temos que lutar para que haja mais tolerância - disse outra participante, Inbar Meirovich.

Noa Sattah, diretora da Casa Aberta, entidade organizadora da parada, disse que os simpatizantes da idéia continuarão trabalhando para que o evento seja repetido todos os anos em Jerusalém. Para ela, a marcha representa uma 'luta pela liberdade de expressão e pela democracia'.

Também estiveram na passeata grupos de vegetarianos e de jovens pacifistas que se opõem à prestação do serviço militar obrigatório e à presença de Israel nos territórios palestinos.

Idan Goldberg, um dos líderes do partido político Meretz, explicou sua presença no evento assegurando que seu partido defende "os direitos dos homens', independente da religião ou do estado civil.