Rejeição de Sucre a ultimato pode fechar Constituinte boliviana

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Agência EFE

LA PAZ - A Assembléia Constituinte da Bolívia está à beira do fechamento, após a rejeição dos líderes de Sucre ao ultimato do comitê político criado pelo vice-presidente, Álvaro García Linera, que chamou os líderes oposicionistas de "racistas e fascistas".

Sucre não aceitou a proposta do comitê político para ser a "capital constitucional" do país e abrigar o Poder Judiciário, como até agora, além da Corte Eleitoral, algumas sessões do Legislativo e outras instâncias a serem criadas. A cidade reivindica o status de sede do Parlamento e do Governo, que estão em La Paz desde a guerra civil de 1899.

A Assembléia teve que suspender suas sessões há quase três meses devido a violentos distúrbios em Sucre. Os protestos foram uma reação à maioria governista, que decidiu não debater a proposta da cidade sobre a mudança dos poderes do Estado.

A Assembléia, instalada pelo presidente Evo Morales em Sucre em agosto de 2006, tem seis semanas para entregar a nova Constituição, da qual não conseguiu aprovar nem uma linha em 15 meses de trabalho.

O vice-presidente considerou a rejeição de Sucre à proposta do comitê político de "perigosa" e chamou os seus líderes regionais de "minoria fascista e racista". Além disso, denunciou o "seqüestro e chantagem" da Constituinte e do povo da Bolívia.

García Linera também acusou a coligação Poder Democrático e Social (Podemos, oposição de direita) de boicotar o processo constitucional. Ele criticou ainda uma "pequena minoria empresarial" de Santa Cruz, reduto dos adversários do Governo Morales.

No entanto, John Cava, presidente do Comitê Cívico de Chuquisaca, o departamento onde fica Sucre, responsabilizou o vice-presidente pelo possível fracasso da Assembléia.

O comitê de diálogo criado em outubro pelo Governo e parte da oposição fechou acordos em temas como as autonomias regionais e indígenas, ou o tipo de Estado. Mas não resolveu a disputa entre La Paz e Sucre por ser a capital efetiva do país.

A proposta desta terça-feira era o terceiro ultimato formal apresentado aos líderes de Sucre pelo comitê político.

García Linera também anunciou que dá por encerrada a missão do comitê e que entregará seus trabalhos, contendo de 80% a 85% da nova Constituição pactuada, à direção da Assembléia.