Chile ameaça expulsar à força moradores de área vulcânica
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SANTIAGO - O Chile ordenou na quinta-feira que todos os moradores deixem a área em torno do vulcão Chaitén, ameaçando usar a força caso se recusem a fazê-lo.
Ainda na madrugada, depois de o vulcão expelir mais material, os militares retiraram um pequeno contingente de soldados e alguns jornalistas da zona do vulcão, no sul do país.
Mas alguns civis se recusam a deixar as duas pequenas cidades mais próximas, que foram desocupadas depois que o vulcão entrou em erupção, na semana passada, após milênios adormecido. Ele está cuspindo cinzas que chegam até Buenos Aires, a quase 2.000 quilômetros dali.
Um forte cheiro de enxofre paira na atmosfera da aldeia de Chaitén, a apenas 10 quilômetros do vulcão homônimo.
A Justiça ordenou a completa desocupação de um raio de 50 quilômetros em torno do vulcão, o que autoriza a polícia a usar a força.
- Ainda há pessoas que não estão respeitando as decisões das autoridades, que estão tentando proteger a vida delas - disse o ministro da Justiça, José Goni, a uma rádio.
Alguns civis voltaram sorrateiramente para Chaitén, e 24 continuam em Santa Bárbara, a 20 quilômetros do vulcão, segundo constatou um repórter da Reuters que saiu junto com os soldados.
O general José Bernales, chefe da polícia nacional, disse que "não é possível garantir que até o final não sobre ninguém [...], mas faremos de tudo para garantir que absolutamente ninguém fique em Chaitén".
A cidade é banhada por um fiorde e não tem estradas que a liguem ao norte do país. Por isso, a desocupação é feita em navios da Marinha.
- Peço a quem ainda estiver em suas casas que saia e se dirija ao cais. Ou as pessoas deixam Chaitén, ou vamos retirá-las de qualquer jeito - disse Bernales.
O governo também está orientando os moradores de Futaleufu a saírem das suas casas. Essa cidade, 160 quilômetros a sudeste do vulcão, está fora da área definida na ordem judicial, mas foi muito atingida pelas cinzas.
Alguns moradores, decididos a ficar, estão retirando a cinza dos telhados com pás.
- Não vou embora porque tenho medo de deixar as coisas para trás. Tenho de cuidar dos animais - disse o agricultor José Marciano, de 74 anos.
Muitos outros moradores, porém, preferiram ir para a vizinha Argentina.
Em Chaitén, vacas deixadas para trás pastam folhagens cobertas de cinzas, e os próprios animais têm camadas de matéria vulcânica acumulada nas costas. No chão, alguns pedaços se compactaram, ficando com aparência de cimento.
Especialistas dizem que o Chaitén um dos cerca de 2.000 vulcões chilenos, dos quais cerca de 500 são potencialmente ativos pode passar meses expelindo cinzas e anos emitindo um ronco surdo.