Assassinato de jovens a facadas alarma Grã-Bretanha

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REUTERS

LONDRES - A notícia mal chamaria a atenção em cidades como Bogotá ou Johanesburgo, mas, em Londres, não há outro assunto sobre o qual conseguiriam falar políticos, especialistas e pais de jovens.

Neste ano, 20 adolescentes foram assassinados a facadas na capital britânica, uma cifra que se aproxima rapidamente do número de 27 mortos ali, dessa forma, durante todo o ano de 2007.

Os assassinatos, um assunto recorrente dos noticiários, parecem resultar de vários fatores, entre os quais uma maior atividade de gangues e a constatação de que um número crescente de adolescente porta facas para se proteger ou para ameaçar os outros.

Os jornais debruçam-se sobre os casos com manchetes de letras garrafais. 'Presença de facas em salas de aula aumenta 70 por cento', afirmou o Sun. O Daily Mail reproduziu a seguinte declaração do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown: 'Não estamos seguros'.

Alguns especialistas sugerem que o cerne do problema encontra-se no esfacelamento dos laços familiares nessa cidade.

De toda a forma, o governo anunciou nos últimos dias uma série de medidas para tentar resolver o problema. As autoridades mostram-se ávidas por entrar em ação contra algo que, segundo descreveram alguns, seria uma crise pronta para sair de controle.

Além de um 'czar da faca', o apelido dado à autoridade policial Alf Hitchcock, encarregado de coordenar aqueles esforços, a polícia recebeu mais poderes para interpelar e revistar jovens. E os flagrados com facas poderiam ser processados e condenados à prisão.

Os pais de cerca de 20 mil jovens considerados problemáticos vêm sendo alertados de que podem ser expulsos de programas de subsídio habitacional se não conseguirem controlar seus filhos.

E há até mesmo uma proposta, ridicularizada por políticos da oposição e por médicos, para que os adolescentes pegos portando essa arma branca sejam levados a hospitais a fim de visitarem vítimas de esfaqueamentos.

No entanto, por trás do alerta e da exigência de ação, há vozes sugerindo que os políticos, os meios de comunicação e os pais podem estar exagerando.

Apesar de a opinião pública acreditar que a criminalidade juvenil encontra-se em alta, dados da última década mostram que as taxas desse tipo de ocorrência são basicamente baixas, segundo Richard Garside, diretor do Centro para Estudos sobre a Criminalidade e a Justiça, no King's College em Londres.