Vaticano invoca Gandhi em apelo por fim da violência na Índia

Por

REUTERS

CIDADE DO VATICANO - O Vaticano invocou a memória do líder da independência da Índia, Mahatma Gandhi, em um apelo feito na terça-feira para que cesse a violência religiosa no país depois de levantes contra cristãos terem matado ao menos 35 pessoas ali.

No domingo, o papa Bento 16 pediu que os governos da Índia e do Iraque protejam as minorias cristãs presentes em seus territórios.

Em um comunicado por escrito endereçado aos hindus, o órgão do Vaticano encarregado das relações com outros credos religiosos disse que os líderes cristãos e hindus precisam colocar nos fiéis a crença na paz.

O Vaticano citou Mohandas K. Gandhi, também conhecido como Mahatma (Grande Alma), como um ícone global da não-violência.

- Durante o desenrolar da luta (de Gandhi) pela liberdade, ele percebeu que se continuássemos com a postura do 'olho por olho' dentro em breve o mundo estaria cego - afirmou em um pronunciamento o cardeal Jean-Louis Tauran, chefe do Conselho Pontificial para o Diálogo Inter-Religioso.

- Ele é um modelo da não-violência e liderou dando o exemplo, a ponto de abrir mão da própria vida por causa de sua recusa a engajar-se em atos de violência - disse.

Os cristãos, que respondem por pouco mais de 2 por cento da população indiana (de mais de 1 bilhão de pessoas), viram-se sob novos ataque em meio a uma antiga polêmica em torno das conversões religiosas.

O assassinato de um líder hindu no Estado de Orissa (leste), em agosto, detonou alguns dos piores levantes contra cristãos das últimas décadas, em meio aos quais morreram dezenas de pessoas e foram atacadas dezenas de igrejas.

Muitos mais morreram em confrontos entre muçulmanos e hindus nos Estados de Andhra Pradesh, Maharashtra e Madhya Pradesh.

- Apesar de as religiões serem frequentemente responsabilizadas pelos males da sociedade, sabemos que isso é antes uma manipulação da religião, algo contrário a suas crenças fundamentais, algo usado para levar adiante tantas formas de violência - afirmou o cardeal.

- Na qualidade de líderes religiosos convocados para defender a verdade existente em nossos respectivos credos religiosos, permitam-nos ajudar a incentivar a não-violência entre nossos seguidores e dar-lhes apoio em suas ações - disse.