Rei Alberto II, da Bélgica, tenta reverter a crise política
Philip Blenkinsop, REUTERS
BRUXELAS - O rei da Bélgica, Alberto II, reuniu-se este fim de semana com outros líderes políticos para tentar reverter o colapso governamental no país. Ele ainda precisa decidir se acata ou não o pedido de renúncia do primeiro-ministro, Yves Leterme mas a saída já é dada como certa pelos jornais belgas.
Leterme, democrata-cristão flamengo, apresentou sua renúncia na sexta-feira, depois que a Suprema Corte o acusou de pressionar o Poder Judiciário para que permitisse o processo de venda do banco Fortis, vítima da crise mundial.
É esperado que a Bélgica, hospedeira da Otan e da União Européia, mergulhe ainda mais na recessão econômica este trimestre. O país precisa urgentemente de uma injeção governamental de 2 bilhões de euros, de um pacote para aumento de salários e de encontrar uma solução para o caso Fortis. Investidores do banco, que viram as suas ações despencarem de 30 euros em abril de 2007 para o 1 euro atual, têm tido sucesso na tentativa de oficializar a falência e de vender seus ativos para o BNP Paribas da França.
Mandato em xeque
As questões políticas-chave agora são quem irá liderar a restauração do governo, e se o novo mandato será completo até 2011 ou se irá apenas até junho de 2009, quando poderiam ser realizadas eleições parlamentares no mesmo dia que as regionais e a da União Européia.
- Com base na primeira consulta do rei e no que está acontecendo com a maioria dos partidos, parece que o governo será rapidamente restaurado, apontou o jornal local De Standaard, em seu site. E acrescentou, irônico: - Mas muitos dos partidos não acreditam que Leterme volte ao poder depois do quarto pedido de renúncia (este já é o segundo).
O ministro das Finanças, Didier Reynders, disse que o retorno de Leterme seria muito difícil. O presidente do Congresso dos Deputados, Herman Van Rompuy, é o nome mais cotado para sucedê-lo.
Leterme já havia renunciado em julho, mas o rei o fez permanecer no cargo, mesmo depois do fracasso nas negociações entre flamengos e francófonos, na tentativa de uma descentralização do Estado. Os partidos de língua holandesa querem mais poder para Flandres, enquanto os de língua francesa receiam que tal medida poderia provocar divisões ainda mais intensas na Bélgica.
O primeiro-ministro batalhou durante nove meses para formar o governo, e desistiu duas vezes, uma saga que tem feito a mídia especular se a nação, de 178 anos, estaria próxima de se quebrar em duas.