França ameaça abandonar cúpula do G20 desta semana

Por

Sumeet Desai e Lesley Wroughton, REUTERS

LONDRES - A França ameaçou nesta terça-feira abandonar a cúpula desta semana do G20 se não obtiver os resultados que deseja, apesar do apelo britânico para que os países se unam para restaurar a confiança na economia global.

Enquanto os líderes das principais economias mundiais se dirigem a Londres para a reunião de quinta-feira, o Banco Mundial anunciou um programa de 50 bilhões de dólares para estimular o comércio global.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) também deve receber uma enorme injeção de capital para reforçar sua capacidade de ajudar países assolados pela recessão, e os líderes devem anunciar códigos comuns para a regulamentação financeira e evitar futuras crises.

- Quero resultados - disse o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a jornalistas. - Temos de ter resultados, não há escolha, a crise é séria demais para permitir que tenhamos uma cúpula à toa.

A ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde, disse que Sarkozy decidiu que, se não houver resultados concretos, não irá assinar o comunicado final da cúpula.

Um porta-voz do primeiro-ministro britânico e anfitrião da reunião, Gordon Brown, disse que ele e Sarkozy tiveram uma conversa construtiva na segunda-feira e que a Grã-Bretanha está ansiosa pela participação francesa.

Brown também precisa desesperadamente que a cúpula gere resultados concretos, não só para tirar a Grã-Bretanha da recessão, mas para melhorar sua situação política.

Mas a reta final para a reunião de 2 de abril tem sido marcada por divisões entre Estados Unidos e Grã-Bretanha, de um lado, e entre os países da Europa continental, de outro, a respeito do tamanho dos pacotes de estímulo econômico e do tipo de regulamentação financeira.

Lagarde disse que a França pode promover mais gastos públicos se for necessário, mas que as nações devem esperar para ver os efeitos das atuais medidas de estímulo antes de tomar qualquer nova decisão. Além disso, a Europa tem defendido uma reforma mais rigorosa dos regulamentos financeiros, ao contrário de Londres e Washington.

- O primeiro grande risco vem de um potencial colapso econômico dos mercados emergentes - disse o primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd, ao chegar a Londres. - O segundo grande risco para a recuperação global é o processo de desalavancagem.

Para evitar isso, o G20 deve mais do que duplicar os 250 bilhões de dólares disponíveis para que o FMI ajude países em dificuldades. Rudd defendeu que essa valor seja triplicada se for necessário.

Falando em um evento da Thomson Reuters, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, anunciou medidas destinadas a reverter a forte redução dos fluxos comerciais.

Ele afirmou que o programa de 50 bilhões de dólares incluirá financiamento de governos, começando com contribuições de Grã-Bretanha e Holanda, de bancos regionais de desenvolvimento e de bancos privados.