Israel: parlamento aprova novo governo

Por

Jornal do Brasil

DA REDAÇÃO - O Parlamento israelense (Knesset) aprovou terça-feira, com o apoio de 69 dos seus 120 legisladores, o novo governo de tendência direitista formado por Benjamin Netanyahu, líder do Likud, que retorna ao poder 10 anos após cair como primeiro-ministro.

O Likud, o Yisrael Beiteinu (de extrema-direita), os partidos ultraortodoxos, o nacionalista religioso Habait Hayehudi e vários deputados do Partido Trabalhista votaram a favor do programa do Executivo.

Contra o novo governo, posicionaram-se 45 deputados do Kadima ao qual pertence Tzipi Livni, chanceler do Executivo anterior os partidos de esquerda Meretz e Hadash, e as legendas árabes.

A cerimônia de juramento do novo premier israelense começou na Knesset pouco depois das 17h (11h de Brasília) com um discurso do ainda primeiro-ministro, Ehud Olmert, no qual analisou seus três anos de mandato e disse considerar o Exército israelense o mais moral do mundo .

Imediatamente após a votação, começaram a tomar posse os ministros que integrarão o novo Executivo, que terá 30 pastas, um recorde na história do país.

Ministros

A grande quantidade de ministros é fruto da necessidade de dividir os ministérios entre os partidos que apoiam a coalizão do novo governo, dominado pela direita, mas de caráter heterodoxo.

O ministério-chave das Relações Exteriores é comandado pelo ultranacionalista Avigdor Lieberman, líder do partido Yisrael Beiteinu, famoso por declarações antiárabes. O líder trabalhista, Ehud Barak, permanecerá no Ministério da Defesa.

Apenas duas mulheres farão parte da nova coalizão: Limor Livnat, do Likud, que ficará com a pasta de Cultura e Esportes, e Sofa Landver, do Partido Trabalhista, que será encarregada do Ministério de Imigração e Absorção.

Frente às câmeras no Parlamento, Netanyahu aproveitou para criticar o islamismo extremista do Irã que ameaça a existência do Estado judeu, e assegurar aos palestinos que a paz com Israel ainda é possível.

Não queremos governar outro povo. Não queremos controlar o destino dos palestinos. Digo à liderança palestina que, se vocês realmente querem a paz, nós podemos alcançar a paz disse Netanyahu à sessão do Knesset que foi interrompida por manifestações de parlamentares árabes e de esquerda.

O novo premier propôs negociações em três vias paralelas: econômica, diplomática e de segurança com a Autoridade nacional Palestina (ANP). Mas ao descrever um acordo final de paz sob o qual palestinos comandariam seus próprios negócios, Netanyahu não fez nenhuma menção específica ao estabelecimento de um Estado palestino principal demanda do presidente da ANP, Mahmoud Abbas, apoiado pelos EUA.

Estas declarações constituem um início que não é nada animador lamentou Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente palestino Mahmoud Abbas. O governo americano tem de pressionar Netanyahu para que se limite a acatar os fundamentos do processo de paz, que são a devolução de todos os territórios palestinos ocupados em 1967, inclusive a parte leste de Jerusalém.

Qualquer coisa menos do que um compromisso explícito com a chamada solução de dois Estados ao conflito entre israelenses e palestinos pode, de fato, colocar Netanyahu em rota de colisão com Washington e a União Europeia.

O líder do Likud também ressaltou que fará o possível para libertar o soldado israelense Gilad Shalit, capturado por milícias palestinas em 2006 em Gaza.

Nesta madrugada, o primeiro-ministro em fim de mandato, Ehud Olmert, entregou a chefia do governo a Netanyahu, em uma cerimônia que, pela primeira vez, aconteceu na residência do presidente, Shimon Peres.