Lula fala com Obama e quer integrar grupo de países doadores
Portal Terra
BRASÍLIA - Após conversa com o presidente dos EUA, Barack Obama, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo brasileiro está disposto a integrar o grupo de países doadores de recursos ao Haiti como forma de acelerar a entrega de ajuda financeira e de itens de ajuda humanitária para garantir mais agilidade na reconstrução do país caribenho. Lula, que disse ainda não ter conseguido se comunicar com o presidente haitiano, René Préval, afirmou que mantém a disposição de visitar o Haiti em meados de fevereiro, período que já estava programado na agenda presidencial.
"Precisamos trabalhar de forma conjunta Brasil e Estados Unidos para minimizar o sofrimento do povo haitiano. Esperamos que ao chegar o ministro Jobim a gente possa saber de informações mais precisas e de que tipo de ajuda podemos dar. O Brasil tem a disposição de participar de uma reunião dos países doadores para agilizar logo (a entrega de recursos) para recuperar o Haiti", disse Lula.
Ainda nesta quarta parte rumo a Porto Príncipe um avião Hercules com 14 t de alimento e medicamentos. Amanhã irá ao Haiti uma aeronave com 50 bombeiros, sendo 30 do Rio de Janeiro e 20 de Brasília, além de cães farejadores, água potável e medicamentos.
"Vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para ajudar. O país não tem recebido recursos com a rapidez que deveria. Temos que colocar como prioridade a ajuda ao Haiti", disse Lula, ressaltando que espera compreensão do povo brasileiro pela decisão de doar US$ 15 milhões à nação assolada pelo terremoto.
"Acho que haverá compreensão do povo brasileiro e do Congresso Nacional que nessas horas precisamos colocar a mão no bolso para ajudar. Vamos dar ajuda exatamente naquilo que eles estão precisando. Não pode acontecer coisa pior que mandar aquilo de que não estão precisando. Estamos dispostos a dar a contribuição necessária", afirmou.
Nesta quinta-feira conversas entre o presidente Barack Obama e o enviado das Nações Unidas ao Haiti, Bill Clinton, e telefonemas entre o ministro de Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, e a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, irão discutir os próximos passos na ajuda humanitária ao povo haitiano.
Terremoto
Um terremoto de magnitude 7 na escala Richter atingiu o Haiti nessa terça-feira, às 16h53 no horário local (19h53 em Brasília). Com epicentro a 15 km da capital, Porto Príncipe, segundo o Serviço Geológico Norte-Americano, o terremoto é considerado pelo órgão o mais forte a atingir o país nos últimos 200 anos.
Dezenas de prédios da capital caíram e deixaram moradores sob escombros. Importantes edificações foram atingidas, como prédios das Nações Unidas e do governo do país. No entanto, devido à precariedade dos serviços básicos do país, ainda não há estimativas sobre o número de vítimas fatais nem de feridos. O Haiti é o país mais pobre do continente americano.
Morte de brasileiros
A fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Zilda Arns, e militares brasileiros da missão de paz da ONU morreram durante o terremoto no Haiti.
O ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou que o país enviará até US$ 15 milhões para ajudar a reconstruir o Haiti após o terremoto que devastou o país nesta terça-feira. Além dos recursos financeiros, o Brasil doará 28 t de alimentos e água para a população do país. A Força Aérea Brasileira (FAB) disponibilizou oito aeronaves de transporte para ajudar as vítimas.
O Brasil no Haiti
O Brasil chefia a missão de paz da ONU no país (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti, ou Minustah, na sigla em francês), que conta com cerca de 7 mil integrantes. Segundo o Ministério da Defesa, 1.266 militares brasileiros servem na força. Ao todo, são 1.310 brasileiros no Haiti.
A missão de paz foi criada em 2004, depois que o então presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto durante uma rebelião. Além do prédio da ONU, o prédio da Embaixada Brasileira em Porto Príncipe também ficou danificado, mas segundo o governo, não há vítimas entre os funcionários brasileiros.