Grã-Bretanha desconsidera apoio da América Latina à Argentina
Agência ANSA
LONDRES - A Grã-Bretanha menosprezou hoje o apoio unânime dado pelos presidentes latino-americanos à reclamação argentina sobre a soberania das Ilhas Malvinas (Falkland), território da nação europeia localizado no Atlântico Sul.
- Nós estamos acostumados a que países da América Latina sejam porta-vozes da Argentina como atos de solidariedade regional, e provavelmente não é a primeira vez que nações da Comunidade Britânica fizeram isso - afirmou um porta-voz da Chancelaria de Londres, segundo a imprensa local.
- Mas quando se trata de colocar o dinheiro onde está a boca, eles nunca seguem adiante - acrescentou o representante, referindo-se aos pronunciamentos feitos durante a XXI Cúpula do Grupo do Rio e a II Cúpula da América Latina e do Caribe (Calc).
As Ilhas Malvinas pertencem ao Reino Unido desde 1833 e têm sua soberania disputada pela Argentina há décadas. Em 1982 os dois países disputaram o controle do arquipélago através de uma guerra, vencida pelos britânicos.
As tensões se agravaram recentemente com a decisão da nação europeia de explorar petróleo e gás na região. Após o anúncio, a Argentina baixou um decreto que exige das embarcações que circularem por essa área uma autorização especial do governo sul-americano. As operações de extração foram iniciadas na segunda-feira.
De acordo com o porta-voz do Foreign Office, o apoio latino-americano "dará ao chanceler argentino [Jorge] Taiana alguma munição quando ele for encontrar Ban Ki-moon [secretário-geral da Organização das Nações Unidas], mas só porque há mais pessoas assistindo não significa que terá qualquer efeito além".
A Argentina alega que a Grã-Bretanha não pode explorar petróleo e gás nas proximidades das Malvinas porque isso contraria uma resolução da ONU segundo a qual nada pode ser feito nas ilhas sem que haja concordância de ambos países.
Segundo o Times Online, o chanceler britânico, David Miliband, insistiu que a extração de hidrocarbonetos está em conformidade com todas as leis internacionais, apesar de ministros do governo terem admitido privadamente que o Reino Unido está se preparando para uma confrontação diplomática com a Argentina há meses.
Sul-americanos e europeus negam a possibilidade de que o conflito adquira um caráter bélico, mas a imprensa inglesa afirmou que um submarino foi posto à disposição das Forças Armadas para aumentar a presença militar na região, que teria sido intensificada.